Quando você é cônjuge de estrangeiro e você
divide o tempo entre o seu país e o de sua cara metade necessariamente você tem
que se comportar ou tomar atitudes que evitem conflitos, choques culturais, desrespeito,
etc. Principalmente quando a casa onde você reside temporariamente é dividida
por pessoas de 3(três) nacionalidades diferentes. (Na casa francesa somos: eu,
brasileira; marido e enteado franceses e nora polonesa. Bela composição pois os
poloneses são muito simpáticos e altruístas). Esse comportamento é o desejável
e até mesmo o exigível quando você vai de visita a um outro país mesmo que seja
em viagem de turismo. É a regra do “saber se comportar na casa alheia”. Por exemplo: se você for a um país muçulmano
você não vai andar de shortinho ou mostrando a metade dos seios, se for mulher.
Tipo de comportamento inconcebível na cultura muçulmana.
Isso não é fácil para todos pois existem
pessoas que não conseguem se integrar. Esse tipo de pessoa sofre muito e faz
sofrer o seu próximo.
No meu caso e no de meu marido, quando chegamos
no Municipio de Oiapoque já sentimos que o ambiente demanda muita atenção, principalmente
quando você se dirige ao porto para atravessar o rio da fronteira do Brasil com
a Guiana Francesa, o Rio Oiapoque. Você é assediado pelos condutores de
catraias (voadeiras), por carregadores e por pessoas que trabalham para as
empresas de ônibus ou táxis piratas que transportam para Macapá, no afã de
captar clientela. Do outro lado do rio, do lado guianês a situação é a mesma. Se
você não ficar atento sua bagagem vai para a catraia deles antes que você
esboce qualquer gesto contrário (eu já fiz alguns trazerem a minha mala de
volta para mim). A concorrência é grande e isso é preocupante porque existe um
excesso de mão de obra disponível que precisa ser formado para outro tipo de trabalho.
E, claro, para isso é necessário criar-se emprego. Principalmente quando se
inaugurar aquela ponte bonita que se deita de uma margem à outra do rio, atravessando
a fronteira. Aquela ponte tão desejada pelo turista que terá sua travessia facilitada
mas, olhada pelos catraieiros como rival.
Na Guiana, você já começa a pensar como francês,
porém, como a diversidade dos povos ali é muito marcante, você de certa
maneira, ainda se sente à vontade para expressar a sua brasilidade. Entenda:
tem muitos brasileiros na Guiana Francesa.
Quando você sai do avião no aeroporto de Orly,
no Sul de Paris, aí sim, você veste a roupa do clima (em todos os sentidos). Em
se tratando de meteorologia o clima pode mesmo estar frio, como estava na nossa recente chegada aqui e, é bom você
começar logo a fazer cara de francês, pensar como francês e saudar as pessoas
como francês, beijo/beijo sem abraçar, como se tivessem se separado no dia
anterior. Francês não se pendura no pescoço do amigo como nós, brasileiros. É
tudo muito formal, mas cordial. Já, com a irmã do meu marido a gente se pendura
uma no pescoço da outra e, com a minha sogra era assim também. A esposa
polonesa do meu enteado é como os brasileiros: beija e abraça com
espontaneidade. Mas, cada um com a sua cultura e as maneiras conforme foi
ensinado. O povo francês respeita a individualidade do outro e isso também é
bom. Adaptemo-nos para evitar conflitos. E, principalmente, não esqueça disso
no trânsito. Desengavete sua carteira francesa de motorista (permis de
conduire) que ficou na gaveta do armário do seu quarto e obedeça as leis de
trânsito. Você não vai querer arranjar problemas para você, não é mesmo? Se
você gosta de fotografar, ande com sua câmera: tem muita coisa diferente lá do
Brasil que você vai querer guardar dentro da caixinha para ver mais tarde e
mostrar para a familia e os amigos. Curta as formas de vida que você escolheu
para você e não se lamente pois tudo passa muito rápido. Por isso, aqui estão
algumas fotos das nossas idas e vindas.
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Na fazenda, Rodolfo, o meu sobrinho bacana. |
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A bicharada aumentou. |
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A construção da barragem no Rio Araguari, em Ferreira Gomes. |
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As estradas por onde dirijo para a fazenda no Brasil.
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Afastando o barco da ponte.
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Anaconda morta às margens do Rio Araguari, Cutias. 7 ou 8 m. |
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Vaso de planta com uma jibóia, na nossa fazenda.
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A ponte sobre o Rio Oiapoque. |
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St George, G.F. |
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Descemos do carro para salvar a preguiça que atravessava a estrada. G.Franc. |
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A primavera chegou toda branquinha por aqui. |
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O encontro com a familia francesa ao redor do bolo de chocolate da Karolina. |
Um comentário:
Adorei o post
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