Publicado no Diário do Amapá em 01.06.16
Agora que você voltou de sua
viagem espacial e se recuperou do jet lag, Douglas Lima, espero que esteja com
a saúde em paz com o universo, amigo. Se você tivesse aterrissado em Brasília
veria que os escândalos mais recentes atingem pessoas que estiveram bem
pertinho de nós aí no Amapá. Mas você escolheu aterrissar na terrinha Tucuju
onde os escândalos não são diferentes. Não só você mas, eu também, e uma boa
parcela de amapaenses que esperam e querem o melhor para os estudantes de nossa
cidade, fomos pegos de surpresa bem no cerne do tema de meu último artigo sobre
a Educação. Lá onde eu discorri acerca do nascimento de Ayumi, minha sobrinha
neta. Você lembra? Confesso-lhe que, com tanta roupa suja sendo lavada na
política nacional colocando em questão a seriedade de nosso país ferindo de
morte a nossa economia, empurrando nossa juventude cada vez mais fundo no
abismo, tirando a esperança dos pais de família de verem sua prole crescer
sadia e constituir por sua vez sua própria família, eu também, mesmo estando longe daí fisicamente
(porque deixei minha alma e meu coração às margens do Rio Amazonas) eu também,
repito, sinto-me tentada a me associar, quem sabe aos chineses e pegar uma nave
espacial para ir bem alto apreciar tudo isso de longe, lá do infinito. Porém, o
sentimento e o zelo pelo meu país não me permitiriam jamais virar as costas
para os acontecimentos atuais. É assim que, com outro artigo pronto para te
enviar, li, reli, rabisquei, mudei várias frases, até que estou desistindo de
enviá-lo porque já me parece obsoleto face às novidades que se apresentam a
cada momento na nossa suja política nacional. Naquele rabisco de artigo não
enviado eu abordava a esperança que nosso povo deposita na faxina política e na
melhoria da situação geral brasileira; eu conversava cá com meus botões sobre
uma provável operação da PF na questão do milhão federal e dos uniformes mas,
torcia para que o fato se esclarecesse e um ou outro aparecesse (esperança
minha); eu divagava também sobre a hora e a necessidade de se fazerem novas
eleições presidenciais, o que, no meu entender não seria o momento certo, pois quem elegeríamos? Lula
mais uma vez, que coligaria com Marina? Ou Marina, que coligaria com Lula? Ou
seria com quem? E eu continuava: “o Brasil carece de opções. Quem poderia nos
apontar algumas? O Brasil precisa de mudanças imediatas. Precisa atrair de
volta os investidores. Não temos tempo, nem dinheiro, nem candidatos para
investir em uma nova eleição agora. Que tal darmos um tempo para o país
respirar e tentar levantar a economia e lavar a alma perante a comunidade
nacional e a internacional? O que queremos é um país conduzido por pessoas
decentes que respeitem o cidadão brasileiro. Assim, a saúde, a segurança, a
Educação e tudo o mais, funcionarão melhor. Este blábláblá é repetitivo? É .
Mas o prejuízo também é. E o poço está cada vez mais profundo”. Isto seria
parte do artigo que não lhe enviei. Transformei-o em uma metalinguagem? Não
importa.
Porém, com
razão o Senador Cristóvão Buarque disse “a situação que enfrentamos é culpa de
todos”. Ele pronunciou esta frase no Senado onde muitos bem mereceram escutá-la
e muitos de nós aqui de fora, também. Uma frase a ser analisada.
Não, não farei uma viagem
espacial, Douglas. Não irei para outra galáxia porque quero ver o resultado
disso tudo aqui neste Planeta! Mas de bom grado eu colocaria numa nave
espacial, sem retorno, os salvadores da pátria pré-candidatos ao cargo de
prefeito que já começam a ricochetear discursos na mídia “representamos a
mudança e a esperança de um povo que está cansado de sofrer” blábláblá. Ai!
Poupem-nos, senhores! Discursos vazios que já caíram de moda. Ou será que
alguém ainda acredita nisso? Se continuarmos a acreditar em salvadores da
pátria não sairemos da mesmice. E é o que menos precisamos. Ou nunca mais nos
recuperaremos do jet lag causado pela hipocrisia política.