Publicado no Diariodoamapa.com.br em 21.01.2014
Descobri que tenho uma
inquilina clandestina quando eu trabalhava um dia qualquer na área de serviço. Levei
um susto com a surpresa. A bicha deu um salto e desapareceu no quintal fazendo-me
crer que dava adeus para nunca mais voltar. No 1º dia do ano, ao abrir o
armário situado sob o tanque de lavar roupas, eu a vi, ali, a me encarar
impondo sua presença. Cruzamos novamente os olhares e percebi que aquela
criatura havia adotado a minha casa para passar as festas de fim de ano, e
estava ficando...estava ficando... Quando tentei juntar a garrafa seca que havia
virado, a criatura deu um salto e saiu, pulando para baixo da máquina de lavar
roupas. Sem contar que me deixava boquiaberta com tanta destreza em se
desembaraçar de minha presença. Cogitei comigo mesma que, a causa de sua
mudança para a minha casa só poderia ter duas explicações: ou a criatura habita
o poço amazonas que existe no quintal e teria sido inquietada quando mandamos
limpá-lo para substituir o bocal por uma tampa reforçada a nível do piso para
podermos circular livremente, ou a dita criatura teria vindo entre as nossas
coisas de seu habitat natural, na fazenda.
O certo é que, uma perereca
sozinha não faz verão.
Então, não se justifica a sua
presença solitária no inicio de 2014, dentro de um poço na cidade afastado de
áreas de ressaca! Já vai longe o tempo em que convivíamos no centro de Macapá
com sapos e cobras. Lembro que, no final dos anos 60, ainda tomávamos banho com
sapos dentro do banheiro de madeira da casa de meus pais. Concluí que, sem
perceber, trouxemos a pobrezinha na nossa bagagem da beira do rio. Só vejo esta
explicação. E agora? Posso esperar encontrar uma cobra também? A lembrança da cadeia
alimentar me impõe este receio.
O que fazer então com a perereca?
Tentar aprisioná-la e levá-la de volta para a beira do rio, ou tentar
combatê-la? Mas, e se ela pertencer àquela espécie de sapos extremamente fatais
à vida humana? Não vou correr riscos. Ela invadiu meu território, mas, reconheço
que, antes, eu invadi o dela. E agora? Ressuscito a extinta Inquisição? Chamo a
polícia? Ou chamo o corpo de bombeiros? Não sou do tipo que tem medo de perereca,
nem vou ocupar o aparelho estadual com uma criatura tão inofensiva. Ora, bolas!
Sou filha de um ex-caçador. Só espero que ela não atraia a cobra que já deve
estar na casa do vizinho. Afinal, talvez eu tenha provocado esta situação. Mas,
já bastam as “cobras” que existem no estado. Então: Chô perereca, chô cobra...
Mesmo sabendo que a pererequinha pode ser útil para combater mosquitos espero
que procure outro endereço. Adianto que não vou cobrar aluguel.
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