Por que parece tão
delicado abordar o tema Religião? Pelo fato de sermos um país muito religioso e
qualquer discussão sobre o assunto gerar polêmica? Tabu? Medo do “inferno” se
raciocinarmos sobre o assunto? O leitor percebe que estou generalizando e que
não estou distinguindo Religião A ou B ou C?
Há países que fazem
ou fizeram do assunto motivo de guerras durante séculos por causa da idéia de
que “a minha religião é a certa e não deve ser contestada”. É mais cômodo impor
ou aceitar do que retrucar. Por que “o ateu é pecador e não deve ser aceito”?
Convive-se com pessoas que não se preocupam com a vida religiosa mas seguem as boas
normas de comportamento e respeito que regem as relações nos grupos sociais.
Por outro lado, convive-se também com pessoas que não saem das igrejas mas que
nos deixam pasmos com a prática de atitudes que nada têm a ver com o
comportamento de quem se diz cristão.
Você já percebeu
que os países mais corruptos ou mais intransigentes são aqueles que mais
praticam as religiões? Pessoas que raciocinam têm o pensamento livre e não são
fáceis de serem manipuladas.
Qual é mesmo a
definição de pecado além da prática daqueles atos que vão de encontro ao
respeito à vida, à honestidade e à segurança dos cidadãos? O que é pecado
original? Você ter nascido de um ato sexual? Porque meus pais quando me fizeram
amavam-se, concluo que nasci de um ato de amor e, nele, não consigo ver nenhum
pecado. Então, eu não carrego o fardo pesado desse pecado original que tentaram
incutir na minha mente... Pense.
Quem lê a
história das civilizações percebe que a força da religião sempre esteve
presente junto aos homens que, para o bem ou para o mal, influenciaram na vida
das pessoas. Refiro-me ao controle que os líderes religiosos e políticos
exercem no pensamento e no comportamento.
Todos sabemos
que, no passado, a Inquisição foi um dos maiores instrumentos desse controle
através do medo e da repressão, levando, na maioria das vezes à morte e à
desapropriação dos bens da pessoa condenada. E, a maioria inocente, não tinha
sequer o direito de conhecer seu delator (que recebia parte dos bens do
condenado). A Inquisição era um negócio lucrativo não apenas para a igreja mas,
também, para toda a cadeia de inquisidores que se formava beneficiando família
dos inquisidores e amigos.
O controle
social era mantido através do controle dos atos do povo e até mesmo do
pensamento (eu disse “era’?). Pensar diferente do que pensavam os líderes e
professar religião diversa eram motivos para o inquisidor submeter o infiel, o
herege, ao aparato inquisitorial. Judeus, muçulmanos, ciganos, cientistas,
filósofos, etc, todos eram passíveis de passarem pelo crivo inquisitorial. E
hoje? Porque pensamos, somos também hereges?
A tradução da
Bíblia do Grego para a língua vernácula era considerada motivo para condenar à
morte o seu tradutor. Galileu Galilei, acusado de heresia, para escapar da
Inquisição em 1611 assinou em Roma um decreto onde declarava que o sistema
heliocêntrico de Copérnico (admitido e estudado por Galileu) era apenas uma
hipótese. Suas obras foram censuradas e proibidas. Só vinte anos depois deu
continuidade a seus estudos. Em Sevilha, na Espanha, o Castelo de San Jorge foi
transformado em sede do Tribunal da Inquisição pelos Reis Católicos Isabel e
Fernando, e assim permaneceu por mais de 300 anos. Atualmente, abriga o Museu
da Inquisição.
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