Publicado no Diariodoamapa.com.br em 02.09.2014
A propaganda eleitoral gratuita com a qual somos obrigados a conviver através do horário eleitoral na televisão e no rádio derrama em nossos lares, a cada dois anos, uma enxurrada de caricaturas, besteiróis, mentiras, promessas e berros que poderiam ser evitados se os candidatos lembrassem que do lado de fora do circo existem pessoas inteligentes. Nós, eleitores, seríamos poupados de um monte de coisas inúteis. Por enquanto, resta-nos duas opções: ou praticar a famosa evasão desligando a televisão ou assistir e dar gargalhadas, filtrando o que se pode aproveitar.
O que acompanho aqui na França através dos vídeos do G1, rádios e comentários nas redes sociais dá para formar uma ideia da situação que se desenha para as próximas eleições. Alguns resultados de pesquisas encomendadas beneficiando, claro, a clientela que encomendou. Muita manipulação da inteligência do eleitor. Candidatos dançando na corda bamba da justiça cantando a música da inocência. A propósito, “a delimitação do conteúdo do princípio nemo tenetur se detegere é encontrada na doutrina processual penal, que defende que nenhum cidadão é obrigado a produzir prova contra si mesmo, porém, não vale invocar este princípio quando não houver pretensão do Estado de apurar determinado fato. Com isso podemos perceber que esse direito não pode ser utilizado como proteção para a prática de atos ilícitos, mas antes só é cabível invocá-lo quando houver uma investida do Estado para desvendar uma infração penal e não para justificar a prática de infrações penais que objetivem ocultar outras.” (Santos, Luciano Aragão, in Direito net). Do que se conclui que, quando alguém está respondendo processos penais ao espernear dizendo que é inocente estará fazendo uso desse princípio até a tramitação em julgado da sentença que está a caminho. E essa última dirá se o réu é inocente ou culpado. Porém, não pode servir de desculpa para invocá-lo todo tempo.
Quanto às mentiras, elas têm pernas curtas. E muitas pessoas podem também ter memória curta, mas não são cegas. Refiro-me às estradas estaduais que utilizo sempre e a estrada federal BR156 por onde trafego várias vezes ao ano. Vi e fotografei as rodovias sendo preparadas para receber asfalto em 2012, 2013 e 2014. Em 2013, senti de perto a angústia dos responsáveis pela terraplanagem e asfalto da estrada que dá acesso ao Município de Pracuúba com a chegada das chuvas. Esse fato constitui verdadeira ameaça para o ritmo dos trabalhos. Também em 2013, trafeguei no ramal da Bacabinha e no ramal da Base Aérea do Amapá, passando pelos dois ramais durante o trabalho de terraplanagem e após concluído o asfalto. Na BR156, no trecho entre Calçoene e o Carnô, tirei fotos de uma empreiteira trabalhando na construção da estrada e de pontes de concreto quando eu voltava da França, via Guiana Francesa e Oiapoque, em setembro de 2012 (tenho as fotos). Na Ap070 fotografei máquinas e caçambas trabalhando para tornar viável a passagem dos carros na Areia Branca no período das chuvas ainda este ano de 2014, o que não se via antes. E atravessei várias vezes o trecho da Ap070 entre Santo Antônio da Pedreira e o Bar do Paulo com máquinas trabalhando na terraplanagem e asfalto. As chuvas, este ano, foram aliadas do atraso dos serviços externos. Aqui na França, nesse mês de agosto, normalmente de verão forte, está chovendo ainda e a temperatura baixou a menos de 13 graus.
Você já procurou saber quantas vezes os recursos para a conclusão da BR156 ficaram disponíveis para o Amapá nas gestões passadas e “voltaram” porque “eram insuficientes”? Se você sabe, diga. Contribua com a sociedade. De quem foi a idéia de aumentar o trecho da BR156 até o Município de Laranjal do Jari? Quando a BR156 foi aberta, ela começava em Macapá e terminava no Município de Oiapoque. Você se perguntou com que finalidade fizeram essa mudança? Se sabe, diga-nos. Eu não sei. As redes sociais e alguns canais de televisão e rádios estão sendo usadas sem escrúpulos nesse momento político. Então, conte-nos o que sabe se houver alguma coisa para contar. Apesar da minha inocência, não sou cega e raciocino. Você também. Taí a BR156 esticada até o Laranjal do Jari. Uma filha que nasceu a duras penas dos desbravadores e, recentemente, sofreu de gigantismo.
Satanás é pai da mentira e padrasto da corrupção. Por isso, não voto nem escolho meus amigos com os olhos do bolso. Ninguém pode agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo, porém temos que nos aproximar do que é melhor para o Estado, para o povo. Não voto em corrupto, mas tem quem vote. Algum interesse existe: cargos? Ideologia? Belos carros? Um prédio novo? Uma mansão? Cada um escolhe o que melhor lhe convém, mesmo que o caminho termine no inferno. Depois, o Amapá que se lixe, não é assim mesmo? Essa idéia de que o círculo individual de certas pessoas é intocável afugenta o pensamento do bem comum. Cria diferenças. Como se esses indivíduos não sofressem as consequências de seu voto corrompido junto com os excluídos.
Compare: o número de evasões da penitenciária agora e alguns anos atrás. Quase não se ouve atualmente falar em evasões. Se eu estiver errada a sua contestação será bem recebida. A insegurança aumentou? Fruto da corrupção que não investiu na educação, na saúde e no emprego, somado ao paternalismo das bolsas que não investem no trabalho, nem na educação. Nada contra o socialismo. Porém, se juntamente com a ajuda financeira o estado brasileiro preparasse os pais para o trabalho e educasse as crianças não se criariam parasitas.
Um dia, olhando as fotografias de meu pai e de seus colegas de trabalho na antiga Garagem Territorial, murmurei: “Pai, depois dessa fase de homens trabalhadores que construíram o Amapá do quase nada, onde a simples palavra empenhada valia ouro, foi criado o Estado do Amapá e foi como se tivéssemos caído em um buraco negro com uma corja de pessoas procuradas pela polícia que estão tentando destruir o que vocês construíram com o esforço e a honestidade. E, o que é pior, tentando denegrir grosseiramente a imagem daqueles que trabalham pelo povo”.
O que meu pai responderia se ele pudesse? O que seu pai honesto aconselharia a você?
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