Você lembra da Candinha da música do Roberto Carlos? Pois, bem pertinho de você tem uma Candinha e pertinho de mim, também. As “amigas” se reúnem com ela curiosas para conhecer as últimas fofocas. Quando a fofoqueira começa não pára nem para respirar. Com a audiência no auge ela foge da realidade dando vazão à sua inveja. Segundo essa contadora de vantagens, só o que é dela presta. Só o que ela tem é de boa qualidade. Ela pode chegar mesmo às raias da difamação, da injúria, etc. A Candinha não ataca só em cidade pequena. E tem Candinha de várias nacionalidades. Ela pode estar presente aqui, ali, lá e acolá e pode trabalhar em qualquer esfera do poder. É asquerosa como a figura do puxa-sacos. Pode pertencer a qualquer classe social. Tenha cuidado.
A Candinha da beira de rio que só tem como “instrução” o que aprende através das novelas que assiste na televisão, em maldade e astúcia não chega nem aos pés da Candinha da alta esfera social que se diz de boa instrução.
Uma Candinha de beira de rio ainda é mais fácil de se fazer perdoar do que aquela Candinha que se acha a tal da cidade e de instrução superior. Por isso mesmo: pelo fato de haver recebido essa instrução superior.
Não se compara a candinice de alguém que tem acesso à cultura, à leitura e às altas posições sociais com a candinice de alguém sem instrução da beira do rio. São dois pesos e duas medidas. Além do mais, comportamento elegante não é para todos. É para quem tem classe.
A candinha que freqüenta a alta roda faz lembrar da sociedade burguesa que acedeu através dos recursos financeiros às mais altas camadas sociais européias e, mesmo, às cortes reais. No entanto, como inicialmente não recebiam as mesmas instruções que recebiam os herdeiros reais, faziam papéis ridículos até procurarem se equiparar também na instrução. A fofoca também existia nas cortes européias. Elegância no trato com as situações da vida se transmite através da mudança interior. De que adianta enriquecer o seu exterior se o seu interior continua pobre e seus valores são rasteiros?
Enquanto a adolescência da fofoqueira da beira de rio transcorreu fazendo tique-tique nos peixes e cozinhando em fogão a lenha, a adolescência da fofoqueira da cidade foi transcorrida correndo atrás de um sustento diferente. Aí, ela jogava em todos os times Necessariamente, acumulou experiências no campo.
A fofoqueira da beira do rio não tem assunto para conversar. É vazia de leitura, de cultura, de oportunidades. A fofoqueira de estudos superiores tem leitura, tem caneta, mas é vazia de amor, de ternura. É fechada em seu egoísmo. Hermética até para a espontaneidade. É obscura, doentia. Mal amada, acima de tudo. Digna de pena.
Minha vizinha da beira do rio fala de todos os vizinhos. Fala dos outros empregados. Fala de si mesma. O que provoca a risada de todos. Porém, o máximo que fez foi trocar de marido, indo morar com o novato lá pras quintas do retiro do patrão, no meio da mata. A fofoqueira instruída da cidade, a mal amada, fala das ex-namoradas de suas aventuras, fala das amantes dos chefes, mas, ao contrário da fofoqueira da beira do rio, de si mesma só conta vantagens que todo mundo sabe que 80% são mentiras. Rir ou ter dó?
Ignorar, ter elegância para saber tratar com gente assim ainda é a melhor saída. Deixar por conta do dito popular segundo o qual quem tem rabo de palha não deve passar perto de fogo. Imagine-se que, por onde a fofoqueira passa, nos ambientes que frequenta tenha sempre alguém que conheça a sua vida. A fofoca e a difamação jogadas no ar a precedem, e, em todo lugar, alguém lhe aponta um dedo invisível sorrindo dissimuladamente: E você? Já esqueceu o que aprontava?"
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