Publicado no Diariodoamapa.com.br em 15.02.2014
Produzir ídolos é uma tendência inerente ao ser humano.
Quando crianças, selecionamos nossos ídolos entre os que
fazem parte de nosso círculo familiar e entre os heróis de desenho animado ou
de algum filme.
Qual o garoto ou garota não fica de boca aberta e olhos
vidrados na imagem do Chaves, do Batman, do He-Man, do Tio Patinhas, do Shrek,
da Pucca e de outros heróis ou heroínas que embalam os sonhos de cada geração?
Quando começamos a receber as informações religiosas em
casa ou na escola, o objeto de nosso culto, o nosso ídolo, será aquele que
nossos pais cultuam ou que a professora de religião acha que é bom para nós ou,
ainda, aquele que a igreja que nossos pais frequentam já escolheu por nós. Há
quem pense que a religião ajuda a educar para incutir bons sentimentos, bons
comportamentos, o que é válido quando não se tem o bom exemplo em casa. E , infelizmente, muitas crianças não têm
esse bom exemplo pois é a educação recebida no seio familiar que imprime os
primeiros traços no caráter.
Já adultos, mesmo que ainda admiremos Batman, Tio
Patinhas, etc, temos conhecimento suficiente em outras áreas para expandir
nosso círculo de ídolos. No esporte não será diferente. Talvez o futebol
comercial, aquele que envolve muito dinheiro, não deva mais ser incluído entre
os esportes porque esta categoria de futebol faz é tempo que deixou de ser
esporte para ser um “negócio da China”. Mas, vamos lá. Esporte ou negócio, o
futebol é cheio de ídolos que se sucedem com uma rapidez incrível.
Na política, nem se fala! Ídolo é o que mais se produz.
Basta alguém receber um presente ou ouvir uma falsa promessa de algum político
para idolatrá-lo e transformá-lo no “Cara”, no seu ídolo, no homem ou mulher a
ser perpetuado no poder. Quantos líderes religiosos ou políticos chegaram ao
poder com um patrimônio modesto e, hoje, possuem verdadeiros impérios montados
em cima da manipulação das pessoas? Quanta desgraça a idolatria causou na vida
das pessoas! Hitler, Mussolini, Stalin, Mao, Kim Jong-il e outros tornaram-se
ditadores porque, antes do temor e do terror que causaram foram idolatrados.
Empurrados para o poder graças à crise econômica e social interna nos seus
países.
Vamos sair da inércia e incentivar o que é bom em vez de
continuar a prestar culto a ídolos corruptos e corruptores da dignidade: Qual é
o alimento que fortalece a mente e abre os espíritos? A leitura. Quantas
bibliotecas públicas já foram criadas aqui no Amapá (antigo Território e atual
Estado) ao longo de sua existência? Quantas vagas de Bibliotecário (nível
superior), professores de música e professores de arte são ofertadas em
concursos públicos? O que é que proporciona ao ser humano o amplo exercício da
cidadania? O conhecimento. O que é que desvia o adolescente da marginalidade?
Leis e investimentos que disponibilizem meios para que a criança e o jovem
descarreguem suas energias no esporte em geral (não apenas futebol!) e
descubram as delícias que o aprendizado da música instrumental e as artes proporcionam
à alma. Investir no grande potencial de nossa infância e juventude representa,
entre outros, uma vida melhor para todos; a diminuição da miséria humana e da
insegurança dos cidadãos; a diminuição da clientela carcerária. Mas, nem por
isso se deve abrir mão do policiamento ostensivo.
Afinal, aqueles que se apossam do erário público roubam a
vida, a segurança e a harmonia das famílias que se formam para dar o melhor
para seus membros. Pois que as viúvas e os órfãos da violência, os pais e
irmãos das vítimas do descaso amaldiçoem todos aqueles que construíram suas
riquezas sobre o choro da miséria deste povo. E que seus filhos joguem isso nas
suas caras e a velhice de suas cabeças não descanse em paz no
travesseiro.
4 comentários:
A manipulação ritual de idolatria religiosa e política, leva ao comodismo e assim a completa ignorância de conhecimento, devido a isto as nossas realidades, como a cara Amiga Veneide sita quando idolatramos se limitamos, não buscamos nossas próprias respostas, e incentivar a leitura e a única fonte de liberdade e crescimento.
É verdade, Luciana. A manipulação vai bem nas pessoas que não querem raciocinar. Têm as mentes bloqueadas por uma ou por outra razão. A literatura em geral abre as mentes mas, para isto, a pessoa tem que querer mudar. Bjs e obgda pelo comentário.
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