sábado, 28 de abril de 2007

A cobra civilizada

Puxa! Vai fazer um mês que eu estava ausente. O tempo voa e a vida acompanha. Longe das minhas bases desde o dia 8 voltei à terrinha, depois de passar com meu marido umas férias maravilhosas na nossa toca no mato atravessando de canoa lagos infestados de jacarés e sucuris (essas últimas estavam exterminando os patos da mulher do caseiro). Sem contar que nossos passeios na floresta nos fazem passar por lugares preferidos de jararacas e surucucus. Só que, tenho motivos para acreditar que certas pessoas são mais perigosas do que os animais que agem por instinto. Já vou dizer porquê.

No dia seguinte ao da nossa chegada, depois de ter levado meu marido ao aeroporto, meu carro foi vítima de um curto que provocou um incêndio no painel, quase na minha cara. É isso mesmo. Cara. Porque não foi bonito não o meu susto e o susto que dei nas pessoas que me acudiram. Graças aos professores que estavam de saída da sede do sindicato na Av. Raimundo Álvares da Costa, na tarde da quarta-feira, dia 25, onde parei meu carro assustada, o início do incêndio não deixou maiores prejuízos. Não tenho como agradecer ao prof. Marcelo e aos demais professores que me acudiram e confortaram naquela hora. Um beijão no coração de vocês.
Pessoas como essas me fazem acreditar ainda na solidariedade humana.

Só não posso dizer o mesmo do mecânico safado e enrolão para quem levei meu carro para os reparos necessários, na quinta-feira. Pasmem, o cara arranjou tanta gente para me vender peças dizendo que eu precisaria trocar essa e aquela peça que eu fiquei desconfiada. Segundo ele, eu deveria trocar o alternador do carro e o motor de partida. Só que o fogo não havia passado do painel, sob o volante do carro. Não atingiu sequer o lado direito do mesmo. Muito menos a parte que fica dentro do capot. Ele tentou me convencer que as referidas peças estavam queimadas. Hoje de manhã cedo, ele fez um teste fuleiro na minha frente. Não me convenceu. Então peguei o alternador e o motor de partida e saí de lá. No caminho, passei na casa do meu irmão para que fosse comigo testá-los em outra oficina. Adivinhem: estava tudo em perfeita ordem. De volta à oficina do enrolão, acionamos o guincho do meu irmão. Fui logo dizendo que não precisava trocar nada porque as peças estavam boas e que eu ia tirar meu carro da oficina dele. Assim, encurtando conversa, sem discussão levamos o carro para uma oficina mais séria. Nem conto o estresse pelo qual passei desde a quarta-feira. Agora estou em paz. Já pude repousar um pouco. Só para vocês terem uma idéia, as referências que eu havia recebido do mecânico enrolão foram as melhores possíveis. Mas ele tentou enrolar a pessoa errada, pois sou mais desconfiada do que gato em quintal onde tem cão valente. Viram? Gente desse tipo é pior do que cobra peçonhenta. En garde! Como dizem os 3 Mosqueteiros (que na verdade eram 4).

segunda-feira, 2 de abril de 2007

O Caboclo da taquara

Quando eu e meus irmãos éramos crianças, sentávamos ao redor de nosso pai, o seu Veridiano Souza, para ouvirmos as aventuras de suas caçadas. Nossa mãe Andaoa, ficava um pouco à distância, com aquele seu sorriso de felicidade ao ver a prole rodeando o marido querido e, às vezes, convencido. Ficávamos tão atentos que nada fazia a gente sequer se mexer do lugar. Primeiro, porque nossa curiosidade era muito grande, segundo, porque nosso querido “velho” sabia contar como ninguém uma estória ou um caso. E, quando ele começava, ficávamos encantados, a vida se transformava em um sonho.

Nossa mãe também nos contava estórias muito bonitas, como a do Príncipe Pato e outras de paixões e encantamentos.

Mas, uma estória que nos marcou, talvez porque fosse curta e porque fizemos o papai repetí-la inúmeras vezes, foi a estória abaixo que ele contava recitando:

"Era uma vez, um casal apaixonado.
A moça era muito jovem, o rapaz também.
Os pais da jovem logo perceberam os olhares que os dois trocavam. Aí, passaram a vigiá-la e a mantê-la em casa para evitar qualquer escapadela.

Os jovens haviam decidido que “se tratariam” por Dengo (a moça) e Gemido (o rapaz).
E tinham uma amiga em comum chamada Conceição.
Certo dia, haveria um sarau na residência da jovem.
O rapaz, como todo apaixonado, encontrou rápido um meio para mandar-lhe um recado.
Contratou um poeta para levar o tal recado.
O poeta, diante dos convidados, com uma vara na mão vendo a jovem triste ao lado dos pais, começou a recitar:

Sou caboclo da taquara
Do tamanho desta vara
O Sol me deu na cara
A Lua me deu nos ouvidos.
Na casa de Conceição,
Dengo, está o teu Gemido.”

Pronto, nem é preciso dizer que, desde o dia em que papai contou essa estória para nós, a filharada dele não o deixou mais em paz: “Conte papai, conte papai, a estória do Dengo e do Gemido”.

Taquara (vegetal) Gramínea semelhante ao Bambu nativa da América do Sul

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide