sexta-feira, 18 de maio de 2007

Folha de caderno

Estou só.
Só como o número ímpar.
Só como uma mesa de uma perna só.

Estou vazia.
Vazia como aquela garrafa
Em cima da mesa de uma perna só.

Estou leve.
Leve como aquela folha de caderno
Em cima da mesa de uma perna só.

Soprou um vento forte.
Ah! A garrafa vazia acabou de cair...
A folha solta acabou de voar.
A mesa de uma perna só acabou de balançar.
Ninguém mais a quer escorar.
Ahahahahahahahahahahahaha!

Veneide, 18.05.07

domingo, 13 de maio de 2007

Carta para minha Mãe

Querida mamãe,

Do dia em que Deus levou a senhora para perto dele até hoje, já se passaram alguns anos.
Mas na lembrança e no coração de seus filhos a senhora está presente como se nossos olhos estivessem sobre a senhora nesse instante, como se sentíssemos o seu perfume e como era macia a sua pele e quão doce era o seu olhar.

Mãe querida, a sua presença concreta eu busco ainda, cada dia. Como na época em que, ao sair do trabalho, eu pegava meu filho e ia vê-la e ao papai em nossa antiga casa, para tomar bênção e para levar meu filho para que fosse abençoado por meus pais. Depois, com a doença que abateu a senhora, sua memória permaneceu intacta mas seus movimentos ficaram limitados.
Ah, como isso nos fazia sentir mal. Ver a senhora outrora tão independente e ativa, tão sorridente e solícita, ficar tão limitada! Mas o que era pior, percebíamos que a senhora também se sentia assim. Mas quando a senhora olhava para seus filhos e netos, o seu olhar, Aleluia! Continuava o mesmo olhar doce e meigo. E quando eu a chamava de Princesa a senhora sorria. E eu deitava minha cabeça sobre seu colo e lhe agradecia e pedia perdão pelas molecagens. Que abençoada me sinto por ter tido essa oportunidade e, principalmente, por ter tido a senhora como mãe e como amiga!

Papai partiu primeiro. Foi como se nossa metade tivesse partido com ele. Que péssima sensação! Porém, mesmo nos sentindo assim, nos confortávamos com a senhora. Só que, depois que chegou a sua vez de ir embora ficou o vazio daqueles nossos encontros, aquela sensação de falta alguma coisa na hora do almoço e no fim da tarde...

Falta a presença importante de vocês em nossas vidas. Algumas coisas que ainda precisavam ser ditas, perguntadas, apesar de eu ter perguntado sempre muita coisa. E de havermos conversado bastante sobre nossas origens, sobre a família. Na verdade, todo o tempo do mundo não seria suficiente para nós. Mas, não podemos reter o tempo, infelizmente. Nem revertê-lo.

Assim, só nos resta o conforto de buscar sempre a felicidade, pensando que era isso exatamente o que vocês desejavam para nós, seus descendentes.

Oh, querida Mãe, que saudade! Nesse instante, com os olhos cheios de lágrimas só quero uma coisa: gritar MÃE! MÃE! Mas, sufoco meu grito e balbucio: Mãe, que saudade!

E vejo e sinto novamente o teu doce olhar sobre mim...

Sua filha que muito a ama,
Veneide

terça-feira, 1 de maio de 2007

Nesse Dia do Trabalho


Eu queria tanto...
Crianças na escola,
Pais com trabalho,
Hospitais com remédios.

Eu queria tanto...
Sorrisos e não lágrimas,
Comida em vez de fome,
Vida em vez de morte.

Eu queria tanto...
Menos egoísmo,
Menos esmola,
Respeito,
Dignidade,
Comida,
Educação,
Saúde,
Segurança,
Cultura.

Eu queria tanto
Ver meu povo
Menos passivo.
Menos complacente.
Mais exigente.

Eu preciso tanto
Apalpar esse sonho.
Acreditar no impossível.
Ver mudar e melhorar.

Veneide

Mcp, 01.05.07

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide