quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O perigoso voto com os olhos do bolso.

Publicado no Diariodoamapa.com.br em 02.09.2014 

A propaganda eleitoral gratuita com a qual somos obrigados a conviver através do horário eleitoral na televisão e no rádio derrama em nossos lares, a cada dois anos, uma enxurrada de caricaturas, besteiróis, mentiras, promessas e berros que poderiam ser evitados se os candidatos lembrassem que do lado de fora do circo existem pessoas inteligentes. Nós, eleitores, seríamos poupados de um monte de coisas inúteis. Por enquanto, resta-nos duas opções: ou praticar a famosa evasão desligando a televisão ou assistir e dar gargalhadas, filtrando o que se pode aproveitar.
O que acompanho aqui na França através dos vídeos do G1, rádios e comentários nas redes sociais dá para formar uma ideia da situação que se desenha para as próximas eleições. Alguns resultados de pesquisas encomendadas beneficiando, claro, a clientela que encomendou. Muita manipulação da inteligência do eleitor. Candidatos dançando na corda bamba da justiça cantando a música da inocência. A propósito, “a delimitação do conteúdo do princípio nemo tenetur se detegere é encontrada na doutrina processual penal, que defende que nenhum cidadão é obrigado a produzir prova contra si mesmo, porém, não vale invocar este princípio quando não houver pretensão do Estado de apurar determinado fato. Com isso podemos perceber que esse direito não pode ser utilizado como proteção para a prática de atos ilícitos, mas antes só é cabível invocá-lo quando houver uma investida do Estado para desvendar uma infração penal e não para justificar a prática de infrações penais que objetivem ocultar outras.” (Santos, Luciano Aragão, in Direito net). Do que se conclui que, quando alguém está respondendo processos penais ao espernear dizendo que é inocente estará fazendo uso desse princípio até a tramitação em julgado da sentença que está a caminho. E essa última dirá se o réu é inocente ou culpado. Porém, não pode servir de desculpa para invocá-lo todo tempo.
Quanto às mentiras, elas têm pernas curtas. E muitas pessoas podem também ter memória curta, mas não são cegas. Refiro-me às estradas estaduais que utilizo sempre e a estrada federal BR156 por onde trafego várias vezes ao ano. Vi e fotografei as rodovias sendo preparadas para receber asfalto em 2012, 2013 e 2014. Em 2013, senti de perto a angústia dos responsáveis pela terraplanagem e asfalto da estrada que dá acesso ao Município de Pracuúba com a chegada das chuvas. Esse fato constitui verdadeira ameaça para o ritmo dos trabalhos. Também em 2013, trafeguei no ramal da Bacabinha e no ramal da Base Aérea do Amapá, passando pelos dois ramais durante o trabalho de terraplanagem e após concluído o asfalto. Na BR156, no trecho entre Calçoene e o Carnô, tirei fotos de uma empreiteira trabalhando na construção da estrada e de pontes de concreto quando eu voltava da França, via Guiana Francesa e Oiapoque, em setembro de 2012 (tenho as fotos). Na Ap070 fotografei máquinas e caçambas trabalhando para tornar viável a passagem dos carros na Areia Branca no período das chuvas ainda este ano de 2014, o que não se via antes. E atravessei várias vezes o trecho da Ap070 entre Santo Antônio da Pedreira e o Bar do Paulo com máquinas trabalhando na terraplanagem e asfalto. As chuvas, este ano, foram aliadas do atraso dos serviços externos. Aqui na França, nesse mês de agosto, normalmente de verão forte, está chovendo ainda e a temperatura baixou a menos de 13 graus.
Você já procurou saber quantas vezes os recursos para a conclusão da BR156 ficaram disponíveis para o Amapá nas gestões passadas e “voltaram” porque “eram insuficientes”? Se você sabe, diga. Contribua com a sociedade. De quem foi a idéia de aumentar o trecho da BR156 até o Município de Laranjal do Jari? Quando a BR156 foi aberta, ela começava em Macapá e terminava no Município de Oiapoque. Você se perguntou com que finalidade fizeram essa mudança? Se sabe, diga-nos. Eu não sei. As redes sociais e alguns canais de televisão e rádios estão sendo usadas sem escrúpulos nesse momento político. Então, conte-nos o que sabe se houver alguma coisa para contar. Apesar da minha inocência, não sou cega e raciocino. Você também. Taí a BR156 esticada até o Laranjal do Jari. Uma filha que nasceu a duras penas dos desbravadores e, recentemente, sofreu de gigantismo.
Satanás é pai da mentira e padrasto da corrupção. Por isso, não voto nem escolho meus amigos com os olhos do bolso. Ninguém pode agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo, porém temos que nos aproximar do que é melhor para o Estado, para o povo. Não voto em corrupto, mas tem quem vote. Algum interesse existe: cargos? Ideologia? Belos carros? Um prédio novo? Uma mansão? Cada um escolhe o que melhor lhe convém, mesmo que o caminho termine no inferno. Depois, o Amapá que se lixe, não é assim mesmo? Essa idéia de que o círculo individual de certas pessoas é intocável afugenta o pensamento do bem comum. Cria diferenças. Como se esses indivíduos não sofressem as consequências de seu voto corrompido junto com os excluídos.
Compare: o número de evasões da penitenciária agora e alguns anos atrás. Quase não se ouve atualmente falar em evasões. Se eu estiver errada a sua contestação será bem recebida. A insegurança aumentou? Fruto da corrupção que não investiu na educação, na saúde e no emprego, somado ao paternalismo das bolsas que não investem no trabalho, nem na educação. Nada contra o socialismo. Porém, se juntamente com a ajuda financeira o estado brasileiro preparasse os pais para o trabalho e educasse as crianças não se criariam parasitas.
Um dia, olhando as fotografias de meu pai e de seus colegas de trabalho na antiga Garagem Territorial, murmurei: “Pai, depois dessa fase de homens trabalhadores que construíram o Amapá do quase nada, onde a simples palavra empenhada valia ouro, foi criado o Estado do Amapá e foi como se tivéssemos caído em um buraco negro com uma corja de pessoas procuradas pela polícia que estão tentando destruir o que vocês construíram com o esforço e a honestidade. E, o que é pior, tentando denegrir grosseiramente a imagem daqueles que trabalham pelo povo”.
O que meu pai responderia se ele pudesse? O que seu pai honesto aconselharia a você?

A fofoqueira instruída da cidade e a fofoqueira da beira do rio.

Publicado dia 29.07.2014

Você lembra da Candinha da música do Roberto Carlos? Pois, bem pertinho de você tem uma Candinha e pertinho de mim, também. As “amigas” se reúnem com ela curiosas para conhecer as últimas fofocas. Quando a fofoqueira começa não pára nem para respirar. Com a audiência no auge ela foge da realidade dando vazão à sua inveja. Segundo essa contadora de vantagens, só o que é dela presta. Só o que ela tem é de boa qualidade. Ela pode chegar mesmo às raias da difamação, da injúria, etc. A Candinha não ataca só em cidade pequena. E tem Candinha de várias nacionalidades. Ela pode estar presente aqui, ali, lá e acolá e pode trabalhar em qualquer esfera do poder. É asquerosa como a figura do puxa-sacos. Pode pertencer a qualquer classe social. Tenha cuidado.
A Candinha da beira de rio que só tem como “instrução” o que aprende através das novelas que assiste na televisão, em maldade e astúcia não chega nem aos pés da Candinha da alta esfera social que se diz de boa instrução.
Uma Candinha de beira de rio ainda é mais fácil de se fazer perdoar do que aquela Candinha que se acha a tal da cidade e de instrução superior. Por isso mesmo: pelo fato de haver recebido essa instrução superior.
Não se compara a candinice de alguém que tem acesso à cultura, à leitura e às altas posições sociais com a candinice de alguém sem instrução da beira do rio. São dois pesos e duas medidas. Além do mais, comportamento elegante não é para todos. É para quem tem classe.
A candinha que freqüenta a alta roda faz lembrar da sociedade burguesa que acedeu através dos recursos financeiros às mais altas camadas sociais européias e, mesmo, às cortes reais. No entanto, como inicialmente não recebiam as mesmas instruções que recebiam os herdeiros reais, faziam papéis ridículos até procurarem se equiparar também na instrução. A fofoca também existia nas cortes européias. Elegância no trato com as situações da vida se transmite através da mudança interior. De que adianta enriquecer o seu exterior se o seu interior continua pobre e seus valores são rasteiros? 
Enquanto a adolescência da fofoqueira da beira de rio transcorreu fazendo tique-tique nos peixes e cozinhando em fogão a lenha, a adolescência da fofoqueira da cidade foi transcorrida correndo atrás de um sustento diferente. Aí, ela jogava em todos os times Necessariamente, acumulou experiências no campo.
A fofoqueira da beira do rio não tem assunto para conversar. É vazia de leitura, de cultura, de oportunidades. A fofoqueira de estudos superiores tem leitura, tem caneta, mas é vazia de amor, de ternura. É fechada em seu egoísmo. Hermética até para a espontaneidade. É obscura, doentia. Mal amada, acima de tudo. Digna de pena.
Minha vizinha da beira do rio fala de todos os vizinhos. Fala dos outros empregados. Fala de si mesma. O que provoca a risada de todos. Porém, o máximo que fez foi trocar de marido, indo morar com o novato lá pras quintas do retiro do patrão, no meio da mata. A fofoqueira instruída da cidade, a mal amada, fala das ex-namoradas de suas aventuras, fala das amantes dos chefes, mas, ao contrário da fofoqueira da beira do rio, de si mesma só conta vantagens que todo mundo sabe que 80% são mentiras. Rir ou ter dó? 
Ignorar, ter elegância para saber tratar com gente assim ainda é a melhor saída. Deixar por conta do dito popular segundo o qual quem tem rabo de palha não deve passar perto de fogo. Imagine-se que, por onde a fofoqueira passa, nos ambientes que frequenta tenha sempre alguém que conheça a sua vida. A fofoca e a difamação jogadas no ar a precedem, e, em todo lugar, alguém lhe aponta um dedo invisível sorrindo dissimuladamente: E você? Já esqueceu o que aprontava?"

Tsunami no Rio Amazonas mataria o macapaense com o próprio lixo.

Publicado no dia 15.07.014

O leitor há de concordar que é bonito e agradável passear em ruas e praças limpas e organizadas. Cidade limpa cheirando a primeiro mundo é outra coisa, não é mesmo? Quem tem a oportunidade de vir à Europa ou visitar cidades do Sul do Brasil volta para Tucujópolis admirado com a limpeza e a organização presenciadas alhures.
Dias atrás, o Douglas leu na emissora Rádio 90.9 FM um artigo de autoria do Sr. José Massulo, sob o título “Falta de Urbanidade”, publicado neste jornal no dia 14 de junho. O autor descreveu um ato praticado por determinado usuário de ônibus seu vizinho de assento. O cidadão havia bebido o conteúdo de uma latinha de refrigerante e sapecado a lata janela afora, na via pública. O autor tentou convencê-lo das consequências de seu ato orientando-o sobre a existência da lixeira ao lado do motorista mas, logo percebeu que havia mexido com um ninho de caba tatu. A reação do homem demonstrou como fazem os reis da sujeira e da falta de educação que não estão nem aí para a limpeza nem para a poluição. E muito menos para Civilidade (1.Conjunto de formalidades observadas entre si pelos cidadãos em sinal de respeito mútuo e consideração. 2.Polidez, urbanidade, delicadeza, cortesia) ou para a consequência de seu ato ao assumir o risco de ferir outra pessoa com tal gesto. Poderia ter lesionado alguém que, como ele, paga seus impostos e também tem direito de usar a via pública e os serviços de transporte. E, no direito de uso dos transportes e das vias públicas está intrínseco, inseparável, o respeito pela integridade física do outro usuário, além do respeito e obrigações em relação a utilização e conservação das vias públicas. E outros e outros atos de civismo e de boa educação que fazem bem a todos.
Porém, não nos admiremos tanto assim: esse cidadão é um entre muitos. Veja: a madame que publica no Facebook sua foto em Paris, tendo como segundo ou terceiro plano a célebre Torre Eiffel dando ênfase à limpeza da cidade luz é a mesma que abre o vidro do seu carrão na rodovia entre Macapá e Santana para jogar, na via pública, o saco de biscoito que seu filho esvaziou. Que exemplo para se dar a uma criança, hem!  Como ter moral para cobrar limpeza do poder público?
Será que apenas os olhares de reprovação serão suficientes para que os sujismundos se “manquem” e percebam a gravidade de seu ato? Não! O sujismundo nasceu e vai morrer sujismundo. Então, aproveito para sugerir àquelas pessoas que costumam jogar seus lixos pelas janelas dos veículos que continuem fazendo isso. Assim, no dia em que acertarem alguém da própria família, ou alguém que tenha o pavio curto, sentirão na pele as consequências de sua má educação.
Pior é aquele político que, sorrindo hipocritamente para seus eleitores, arrota arrogância em sua própria casa com a doméstica e não providencia uma lixeira para a frente de sua casa. Alma de urubu, espírito de porco.
A mente de muita gente ainda não “descobriu” a utilidade de uma lixeira. Não me refiro ao conhecimento da lixeira como substantivo concreto, nem à finalidade da lixeira em si. Refiro-me à capacidade intelectiva de certas pessoas para fixar o que representam o lixo e a lixeira para a vida do ser humano, o que está implícito na exposição da lixeira aqui, ali, no próprio ônibus, nas praças. Ela está pedindo, calada, para você, cidadão: seja um coletor de seu lixo! Use-me! Colabore com a limpeza do planeta! Colabore com a higiene de sua família e de sua vizinhança! Arrumar seu próprio lixo em local apropriado também significa saúde.
Campanhas de conscientização não faltam. Acredito que não faltem também professores orientando as crianças nas escolas a administrar seus lixinhos. Suponho que os pais educados orientem seus filhos. Mas, é suficiente virem as enchentes para constatarmos o que a água continua a trazer quando as áreas alagadas e os canais transbordam. Lixo! Garrafas de plástico, latas secas de refrigerante. Isso é o resultado da falta de educação dos sujismundos. Muitos ribeirinhos, tanto da zona rural, assim como da zona urbana têm o péssimo hábito de jogar coisas nos rios e canais. O resultado é o entulho, a destruição, o acúmulo de insetos, as doenças. Mas, tem gente que não aprende. Apesar das campanhas, as pessoas continuam a entulhar os canais e córregos. Todos com a mesma mentalidade do cidadão que joga lixo pelas janelas dos veículos, depois querem cobrar limpeza do poder público. Falta de conscientização ou de vergonha na cara? Mais de 20 toneladas de entulho retiradas do canal do Beirol! Assim não dá, minha gente!

Meus impostos ajudam a pagar os garis para juntar o lixo das vias públicas, sim. Mas ajudam também na educação, na saúde, na segurança. Ah, impostos meus! Nem por isso vou sair por aí jogando os meus restos na cara dos outros ou fora da lixeira para os cachorros e os urubus espalharem. Santa porcaria! Longe de chegarmos aos pés do primeiro mundo! Ainda mais com toda essa corrupção que nos assola e esse monte de gente que contribuiu para a criação de uma nova moda na cultura brasileira: a moda das Operações da Polícia Federal. Processos que se acumulam e que, por alguma arte, estão dormindo em algum lugar depois de tanto trabalho que deram aos agentes da PF, aos membros do Ministério Público e do Judiciário, depois de tanto mal que seus atores e atrizes causaram ao Estado do Amapá. Indignaram-nos e indignam ao sabê-los sem um resultado eficaz, posto que os acusados estão prontos para voltar ao ataque através da memória fraca de eleitores que se deixam manipular, em sua maioria, por não perceberem a gravidade da coisa ou por trocarem sua inocência pela insistência descarada e astuta dos chacais. "

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide