sábado, 24 de fevereiro de 2007

A volta 2

Sou uma esperançosa, mas não quero ser uma eterna esperançosa. Primeiro, porque não sou eterna. Segundo, porque quero que a esperança se transforme na real certeza de que as pessoas entenderam enfim, qual o seu papel na conservação da natureza, da qual têm sido o maior depredador. “O homem é o lobo do homem”, mas, transferindo seu ataque para a natureza tem destruído, consciente ou inconscientemente, o que existe de mais básico para a sua sobrevivência.
Quando se percorrem os rios da Amazônia, onde existe alguma comunidade instalada, ou a exploração de alguma atividade, nos locais nos quais foi derrubada a mata ciliar e não se construiu qualquer proteção, o que se vê é a degradação das encostas e barrancos. As águas deslocadas com o movimento das marés e o vaivém dos barcos, batem contra as encostas provocando a queda da terra. Como resultado, dentre outras conseqüências desastrosas, ocorre a perda de terreno, formando-se “praias” nas beiras dessas encostas. Como se não bastasse, nesses locais geralmente cresce um tabocal tornando difícil o acesso às margens e propiciando o esconderijo de cobras peçonhentas, que vêm se esconder aí para dormir. E as cobras dormem durante o dia, quando o homem está em plena atividade, não sendo portanto, raro, os acidentes provocados pelas mesmas.
A mesma situação ocorre dentro do campo, quando alguém um dia derrubou a mata original para fazer uma roça, ou explorar a madeira existente, depois a abandonou para fazer outra adiante, deixando à mercê da natureza de instalar os tabocais e as ervas daninhas. A terra, antes úmida com a presença das sombras das árvores, torna-se agora ressequida, porque o homem destruiu as árvores protetoras outrora existentes. Você não sente mais o cheiro das folhas e rebentos que se desprendiam da floresta. Você vê a desolação e sua alma fica entristecida...
Voltando ao assunto das encostas, em frente às casas onde possuímos um terreno, temos tentado combater a queda da terra construindo barragens de madeira desde 2003. Idéia de meu marido que atualmente já mostra seus frutos.
Quando chegamos lá, uma das primeiras coisas que fizemos após a reforma da casa, foi construir uma barragem em frente à mesma, pois a terra havia cedido tanto que os esteios da frente, ou estavam pendurados, ou já tinham caído junto com a terra.
O interessante é que, na cultura do povo do local, eles “mudam” suas casas quando isso acontece, construindo outra casa mais para dentro, ou seja, mais para trás da antiga casa que começa a cair junto com a terra. Lembro que algumas pessoas nos cobravam perguntando se a gente não ia construir uma casa nova. Acontece que a velha casa que resolvemos reformar é muito boa. Seu antigo proprietário a construiu com muito bom gosto e boa madeira. Quando reconhecemos isso, eu e meu marido achamos melhor e mais proveitoso, construir uma barragem em vez de construirmos uma nova casa. Levantamos a frente dela recolocando esteios e, com a barragem, a terra parou de cair e a própria água está depositando terra para dentro dela corrigindo o desnível pouco a pouco Mas, para conseguirmos isso, cortamos o acesso à frente da casa aos animais pesados colocando cerca de proteção ao redor da mesma ou na beira dos terrenos, só deixando corredores cercados que levam ao rio, que chamamos de bebedouros, onde os animais descem durante o verão para beber água. Também plantamos algumas árvores próximo as ribanceiras.
A cada ano, quando as águas começam a subir no inicio do inverno e quando começam a baixar no inicio do verão, revisamos a barragem, arrumando onde é preciso. Quando estive lá a semana passada, comecei outra barragem mais adiante com os empregados.

P.s. Acabo de descobrir este site que só vem me confirmar que estamos agindo corretamente: http://www.sema.rs.gov.br/sema/html/mataciliar.htm

"Ela"

"Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor."(...)

Trecho de "Ela", primeiro poema de Machado de Assis, escrito quando tinha 16 anos, publicado na revista Marmota Fluminense, em 1855.

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide