segunda-feira, 15 de abril de 2013

Adapte-se ou estrumbique-se!

Quando você é cônjuge de estrangeiro e você divide o tempo entre o seu país e o de sua cara metade necessariamente você tem que se comportar ou tomar atitudes que evitem conflitos, choques culturais, desrespeito, etc. Principalmente quando a casa onde você reside temporariamente é dividida por pessoas de 3(três) nacionalidades diferentes. (Na casa francesa somos: eu, brasileira; marido e enteado franceses e nora polonesa. Bela composição pois os poloneses são muito simpáticos e altruístas). Esse comportamento é o desejável e até mesmo o exigível quando você vai de visita a um outro país mesmo que seja em viagem de turismo. É a regra do “saber se comportar na casa alheia”.  Por exemplo: se você for a um país muçulmano você não vai andar de shortinho ou mostrando a metade dos seios, se for mulher. Tipo de comportamento inconcebível na cultura muçulmana.
Isso não é fácil para todos pois existem pessoas que não conseguem se integrar. Esse tipo de pessoa sofre muito e faz sofrer o seu próximo.
No meu caso e no de meu marido, quando chegamos no Municipio de Oiapoque já sentimos que o ambiente demanda muita atenção, principalmente quando você se dirige ao porto para atravessar o rio da fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, o Rio Oiapoque. Você é assediado pelos condutores de catraias (voadeiras), por carregadores e por pessoas que trabalham para as empresas de ônibus ou táxis piratas que transportam para Macapá, no afã de captar clientela. Do outro lado do rio, do lado guianês a situação é a mesma. Se você não ficar atento sua bagagem vai para a catraia deles antes que você esboce qualquer gesto contrário (eu já fiz alguns trazerem a minha mala de volta para mim). A concorrência é grande e isso é preocupante porque existe um excesso de mão de obra disponível que precisa ser formado para outro tipo de trabalho. E, claro, para isso é necessário criar-se emprego. Principalmente quando se inaugurar aquela ponte bonita que se deita de uma margem à outra do rio, atravessando a fronteira. Aquela ponte tão desejada pelo turista que terá sua travessia facilitada mas, olhada pelos catraieiros como rival.
Na Guiana, você já começa a pensar como francês, porém, como a diversidade dos povos ali é muito marcante, você de certa maneira, ainda se sente à vontade para expressar a sua brasilidade. Entenda: tem muitos brasileiros na Guiana Francesa.
Quando você sai do avião no aeroporto de Orly, no Sul de Paris, aí sim, você veste a roupa do clima (em todos os sentidos). Em se tratando de meteorologia o clima pode mesmo estar frio, como estava  na nossa recente chegada aqui e, é bom você começar logo a fazer cara de francês, pensar como francês e saudar as pessoas como francês, beijo/beijo sem abraçar, como se tivessem se separado no dia anterior. Francês não se pendura no pescoço do amigo como nós, brasileiros. É tudo muito formal, mas cordial. Já, com a irmã do meu marido a gente se pendura uma no pescoço da outra e, com a minha sogra era assim também. A esposa polonesa do meu enteado é como os brasileiros: beija e abraça com espontaneidade. Mas, cada um com a sua cultura e as maneiras conforme foi ensinado. O povo francês respeita a individualidade do outro e isso também é bom. Adaptemo-nos para evitar conflitos. E, principalmente, não esqueça disso no trânsito. Desengavete sua carteira francesa de motorista (permis de conduire) que ficou na gaveta do armário do seu quarto e obedeça as leis de trânsito. Você não vai querer arranjar problemas para você, não é mesmo? Se você gosta de fotografar, ande com sua câmera: tem muita coisa diferente lá do Brasil que você vai querer guardar dentro da caixinha para ver mais tarde e mostrar para a familia e os amigos. Curta as formas de vida que você escolheu para você e não se lamente pois tudo passa muito rápido. Por isso, aqui estão algumas fotos das nossas idas e vindas.

Na fazenda, Rodolfo, o meu sobrinho bacana.
A bicharada aumentou.
A construção da barragem no Rio Araguari, em Ferreira Gomes.

As estradas por onde dirijo para a fazenda no Brasil.

Afastando o barco da ponte.


Anaconda morta às margens do Rio Araguari, Cutias. 7 ou 8 m.
Vaso de planta com uma jibóia, na nossa fazenda.
A ponte sobre o Rio Oiapoque.
St George, G.F.
Descemos do carro para salvar a preguiça que atravessava a estrada. G.Franc.
A primavera chegou toda branquinha por aqui.

O encontro com a familia francesa ao redor do bolo de chocolate da Karolina.






segunda-feira, 8 de abril de 2013

Teus atos


França, maio de 2009.

Conta-me um segredo
Que eu não possa revelar ;
Faz um gesto
Que eu seja incapaz de imitar ;
Faz-me um carinho
Que me faça estremecer;
Conta-me uma estória
Que eu seja incapaz de esquecer ;
Conta-me uma piada
Que faça a tristeza passar;
Dá-me um belo sorriso
Que o tempo não consiga apagar;
Quando você me olhar,
Olhe-me com tanta ternura
que do meu próprio olhar
Se perca toda amargura.
Abriga-me no calor do teu corpo
E enrola-te no amor do meu.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Hoje, às 5:42, na fazenda.

Um dia, fecharei meus olhos
e não os abrirei mais…
Dormirei o “sono dos justos”, mas,
quem são os justos? Onde eles estão?

Como acontecerá? Na cidade, sentada
naquele sofá azul tão fofinho da sala?
Na mata, nos lagos, caminhando nas pontes?
Ou dentro da "casa grande"
quando uma daquelas cobras ver minhas pernas
e delas não gostar?
Dará o bote antes que eu a veja?

Um dia, fecharei meus olhos
e não terei consciência suficiente para abri-los.
Esquecerei de vez os fantasmas
e eles descansarão de mim.

Como será? Numa das viagens pelo rio?
Ou num dos percursos de avião?
Nas estradas européias
ou nas estradas da Amazônia?
Ou será em consequência da idade
que minhas pernas falharão?
Que me deixem dormir em paz...
E sentir o fresco odor da floresta do sono eterno.

Cala-te boca...


Que digam depois que não se deve falar o que se pensa. Ou que não se deve falar sem pensar bem...Muitas vezes sou assim mas, quebro a cara. Hoje, uma cara se quebrou e não foi a minha. Demos carona na estrada para uma senhora que trabalha com agricultura. Conversa vai, conversa vem e, vinha mais da boca da senhora que da minha boca e da boca do meu marido. Num determinado momento ela (a senhora) perguntou-me: “D. Veneide...Quantos anos a senhora tem?” Eu, que estou com 6.0, desafiei-a: quantos anos a senhora me dà? Ela disse na bucha: 70 anos! Eu: “70 anos??!! Sera que estou parecendo tão velha assim”? Mais tarde, foi a vez dela: “E eu, D. Veneide, quantos anos a senhora acha que eu tenho?” Ela, que tem 43 anos, ouviu a minha resposta “ 80 anos”! Aii todos caimos na gargalhada.

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide