domingo, 14 de setembro de 2014

ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS, CLEAVELAND, OHIO

"Para celebrar o envelhecer, uma vez eu escrevi 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais requisitada que eu já escrevi. Meu taxímetro chegou aos 90 em agosto, então, aqui está a coluna, mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.
3. A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém.
4. Seu trabalho não vai cuidar de você quando você adoecer. Seus amigos e seus pais vão. Mantenha contato.
5. Pague suas faturas de cartão de crédito todo mês.
6. Você não tem que vencer todo argumento. Concorde para discordar.
7. Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.
8. Está tudo bem em ficar bravo com Deus. Ele agüenta.
9. Poupe para a aposentadoria, começando com seu primeiro salário.
10. Quando se trata de chocolate, resistência é em vão.
11. Sele a paz com seu passado, para que ele não estrague seu presente.
12. Está tudo bem em seus filhos te verem chorar.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que se trata a jornada deles.
14. Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele.
15 Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, Deus nunca pisca.
16. Respire bem fundo. Isso acalma a mente.
17. Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso.
18. O que não te mata, realmente te torna mais forte.
19. Nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz. Mas a segunda só depende de você e mais ninguém.
20. Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite "não" como resposta.
21. Acenda velas, coloque os lençóis bonitos, use a lingerie elegante. Não guarde para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Se prepare bastante; depois, se deixe levar pela maré...
23. Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém é responsável pela sua felicidade, além de você.
26. Encare cada "chamado" desastre com essas palavras: Em cinco anos, vai importar?
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todos.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo.
31. Indepedentemente de a situação ser boa ou ruim, irá mudar.
32. Não se leve tão a sério. Ninguém mais leva...
33. Acredite em milagres.
34. Deus te ama por causa de quem Ele é, não pelo que vc fez ou deixou de fazer.
35. Não faça auditoria de sua vida. Apareça e faça o melhor dela agora.
36. Envelhecer é melhor do que morrer jovem.
37. Seus filhos só têm uma infância."


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O perigoso voto com os olhos do bolso.

Publicado no Diariodoamapa.com.br em 02.09.2014 

A propaganda eleitoral gratuita com a qual somos obrigados a conviver através do horário eleitoral na televisão e no rádio derrama em nossos lares, a cada dois anos, uma enxurrada de caricaturas, besteiróis, mentiras, promessas e berros que poderiam ser evitados se os candidatos lembrassem que do lado de fora do circo existem pessoas inteligentes. Nós, eleitores, seríamos poupados de um monte de coisas inúteis. Por enquanto, resta-nos duas opções: ou praticar a famosa evasão desligando a televisão ou assistir e dar gargalhadas, filtrando o que se pode aproveitar.
O que acompanho aqui na França através dos vídeos do G1, rádios e comentários nas redes sociais dá para formar uma ideia da situação que se desenha para as próximas eleições. Alguns resultados de pesquisas encomendadas beneficiando, claro, a clientela que encomendou. Muita manipulação da inteligência do eleitor. Candidatos dançando na corda bamba da justiça cantando a música da inocência. A propósito, “a delimitação do conteúdo do princípio nemo tenetur se detegere é encontrada na doutrina processual penal, que defende que nenhum cidadão é obrigado a produzir prova contra si mesmo, porém, não vale invocar este princípio quando não houver pretensão do Estado de apurar determinado fato. Com isso podemos perceber que esse direito não pode ser utilizado como proteção para a prática de atos ilícitos, mas antes só é cabível invocá-lo quando houver uma investida do Estado para desvendar uma infração penal e não para justificar a prática de infrações penais que objetivem ocultar outras.” (Santos, Luciano Aragão, in Direito net). Do que se conclui que, quando alguém está respondendo processos penais ao espernear dizendo que é inocente estará fazendo uso desse princípio até a tramitação em julgado da sentença que está a caminho. E essa última dirá se o réu é inocente ou culpado. Porém, não pode servir de desculpa para invocá-lo todo tempo.
Quanto às mentiras, elas têm pernas curtas. E muitas pessoas podem também ter memória curta, mas não são cegas. Refiro-me às estradas estaduais que utilizo sempre e a estrada federal BR156 por onde trafego várias vezes ao ano. Vi e fotografei as rodovias sendo preparadas para receber asfalto em 2012, 2013 e 2014. Em 2013, senti de perto a angústia dos responsáveis pela terraplanagem e asfalto da estrada que dá acesso ao Município de Pracuúba com a chegada das chuvas. Esse fato constitui verdadeira ameaça para o ritmo dos trabalhos. Também em 2013, trafeguei no ramal da Bacabinha e no ramal da Base Aérea do Amapá, passando pelos dois ramais durante o trabalho de terraplanagem e após concluído o asfalto. Na BR156, no trecho entre Calçoene e o Carnô, tirei fotos de uma empreiteira trabalhando na construção da estrada e de pontes de concreto quando eu voltava da França, via Guiana Francesa e Oiapoque, em setembro de 2012 (tenho as fotos). Na Ap070 fotografei máquinas e caçambas trabalhando para tornar viável a passagem dos carros na Areia Branca no período das chuvas ainda este ano de 2014, o que não se via antes. E atravessei várias vezes o trecho da Ap070 entre Santo Antônio da Pedreira e o Bar do Paulo com máquinas trabalhando na terraplanagem e asfalto. As chuvas, este ano, foram aliadas do atraso dos serviços externos. Aqui na França, nesse mês de agosto, normalmente de verão forte, está chovendo ainda e a temperatura baixou a menos de 13 graus.
Você já procurou saber quantas vezes os recursos para a conclusão da BR156 ficaram disponíveis para o Amapá nas gestões passadas e “voltaram” porque “eram insuficientes”? Se você sabe, diga. Contribua com a sociedade. De quem foi a idéia de aumentar o trecho da BR156 até o Município de Laranjal do Jari? Quando a BR156 foi aberta, ela começava em Macapá e terminava no Município de Oiapoque. Você se perguntou com que finalidade fizeram essa mudança? Se sabe, diga-nos. Eu não sei. As redes sociais e alguns canais de televisão e rádios estão sendo usadas sem escrúpulos nesse momento político. Então, conte-nos o que sabe se houver alguma coisa para contar. Apesar da minha inocência, não sou cega e raciocino. Você também. Taí a BR156 esticada até o Laranjal do Jari. Uma filha que nasceu a duras penas dos desbravadores e, recentemente, sofreu de gigantismo.
Satanás é pai da mentira e padrasto da corrupção. Por isso, não voto nem escolho meus amigos com os olhos do bolso. Ninguém pode agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo, porém temos que nos aproximar do que é melhor para o Estado, para o povo. Não voto em corrupto, mas tem quem vote. Algum interesse existe: cargos? Ideologia? Belos carros? Um prédio novo? Uma mansão? Cada um escolhe o que melhor lhe convém, mesmo que o caminho termine no inferno. Depois, o Amapá que se lixe, não é assim mesmo? Essa idéia de que o círculo individual de certas pessoas é intocável afugenta o pensamento do bem comum. Cria diferenças. Como se esses indivíduos não sofressem as consequências de seu voto corrompido junto com os excluídos.
Compare: o número de evasões da penitenciária agora e alguns anos atrás. Quase não se ouve atualmente falar em evasões. Se eu estiver errada a sua contestação será bem recebida. A insegurança aumentou? Fruto da corrupção que não investiu na educação, na saúde e no emprego, somado ao paternalismo das bolsas que não investem no trabalho, nem na educação. Nada contra o socialismo. Porém, se juntamente com a ajuda financeira o estado brasileiro preparasse os pais para o trabalho e educasse as crianças não se criariam parasitas.
Um dia, olhando as fotografias de meu pai e de seus colegas de trabalho na antiga Garagem Territorial, murmurei: “Pai, depois dessa fase de homens trabalhadores que construíram o Amapá do quase nada, onde a simples palavra empenhada valia ouro, foi criado o Estado do Amapá e foi como se tivéssemos caído em um buraco negro com uma corja de pessoas procuradas pela polícia que estão tentando destruir o que vocês construíram com o esforço e a honestidade. E, o que é pior, tentando denegrir grosseiramente a imagem daqueles que trabalham pelo povo”.
O que meu pai responderia se ele pudesse? O que seu pai honesto aconselharia a você?

A fofoqueira instruída da cidade e a fofoqueira da beira do rio.

Publicado dia 29.07.2014

Você lembra da Candinha da música do Roberto Carlos? Pois, bem pertinho de você tem uma Candinha e pertinho de mim, também. As “amigas” se reúnem com ela curiosas para conhecer as últimas fofocas. Quando a fofoqueira começa não pára nem para respirar. Com a audiência no auge ela foge da realidade dando vazão à sua inveja. Segundo essa contadora de vantagens, só o que é dela presta. Só o que ela tem é de boa qualidade. Ela pode chegar mesmo às raias da difamação, da injúria, etc. A Candinha não ataca só em cidade pequena. E tem Candinha de várias nacionalidades. Ela pode estar presente aqui, ali, lá e acolá e pode trabalhar em qualquer esfera do poder. É asquerosa como a figura do puxa-sacos. Pode pertencer a qualquer classe social. Tenha cuidado.
A Candinha da beira de rio que só tem como “instrução” o que aprende através das novelas que assiste na televisão, em maldade e astúcia não chega nem aos pés da Candinha da alta esfera social que se diz de boa instrução.
Uma Candinha de beira de rio ainda é mais fácil de se fazer perdoar do que aquela Candinha que se acha a tal da cidade e de instrução superior. Por isso mesmo: pelo fato de haver recebido essa instrução superior.
Não se compara a candinice de alguém que tem acesso à cultura, à leitura e às altas posições sociais com a candinice de alguém sem instrução da beira do rio. São dois pesos e duas medidas. Além do mais, comportamento elegante não é para todos. É para quem tem classe.
A candinha que freqüenta a alta roda faz lembrar da sociedade burguesa que acedeu através dos recursos financeiros às mais altas camadas sociais européias e, mesmo, às cortes reais. No entanto, como inicialmente não recebiam as mesmas instruções que recebiam os herdeiros reais, faziam papéis ridículos até procurarem se equiparar também na instrução. A fofoca também existia nas cortes européias. Elegância no trato com as situações da vida se transmite através da mudança interior. De que adianta enriquecer o seu exterior se o seu interior continua pobre e seus valores são rasteiros? 
Enquanto a adolescência da fofoqueira da beira de rio transcorreu fazendo tique-tique nos peixes e cozinhando em fogão a lenha, a adolescência da fofoqueira da cidade foi transcorrida correndo atrás de um sustento diferente. Aí, ela jogava em todos os times Necessariamente, acumulou experiências no campo.
A fofoqueira da beira do rio não tem assunto para conversar. É vazia de leitura, de cultura, de oportunidades. A fofoqueira de estudos superiores tem leitura, tem caneta, mas é vazia de amor, de ternura. É fechada em seu egoísmo. Hermética até para a espontaneidade. É obscura, doentia. Mal amada, acima de tudo. Digna de pena.
Minha vizinha da beira do rio fala de todos os vizinhos. Fala dos outros empregados. Fala de si mesma. O que provoca a risada de todos. Porém, o máximo que fez foi trocar de marido, indo morar com o novato lá pras quintas do retiro do patrão, no meio da mata. A fofoqueira instruída da cidade, a mal amada, fala das ex-namoradas de suas aventuras, fala das amantes dos chefes, mas, ao contrário da fofoqueira da beira do rio, de si mesma só conta vantagens que todo mundo sabe que 80% são mentiras. Rir ou ter dó? 
Ignorar, ter elegância para saber tratar com gente assim ainda é a melhor saída. Deixar por conta do dito popular segundo o qual quem tem rabo de palha não deve passar perto de fogo. Imagine-se que, por onde a fofoqueira passa, nos ambientes que frequenta tenha sempre alguém que conheça a sua vida. A fofoca e a difamação jogadas no ar a precedem, e, em todo lugar, alguém lhe aponta um dedo invisível sorrindo dissimuladamente: E você? Já esqueceu o que aprontava?"

Tsunami no Rio Amazonas mataria o macapaense com o próprio lixo.

Publicado no dia 15.07.014

O leitor há de concordar que é bonito e agradável passear em ruas e praças limpas e organizadas. Cidade limpa cheirando a primeiro mundo é outra coisa, não é mesmo? Quem tem a oportunidade de vir à Europa ou visitar cidades do Sul do Brasil volta para Tucujópolis admirado com a limpeza e a organização presenciadas alhures.
Dias atrás, o Douglas leu na emissora Rádio 90.9 FM um artigo de autoria do Sr. José Massulo, sob o título “Falta de Urbanidade”, publicado neste jornal no dia 14 de junho. O autor descreveu um ato praticado por determinado usuário de ônibus seu vizinho de assento. O cidadão havia bebido o conteúdo de uma latinha de refrigerante e sapecado a lata janela afora, na via pública. O autor tentou convencê-lo das consequências de seu ato orientando-o sobre a existência da lixeira ao lado do motorista mas, logo percebeu que havia mexido com um ninho de caba tatu. A reação do homem demonstrou como fazem os reis da sujeira e da falta de educação que não estão nem aí para a limpeza nem para a poluição. E muito menos para Civilidade (1.Conjunto de formalidades observadas entre si pelos cidadãos em sinal de respeito mútuo e consideração. 2.Polidez, urbanidade, delicadeza, cortesia) ou para a consequência de seu ato ao assumir o risco de ferir outra pessoa com tal gesto. Poderia ter lesionado alguém que, como ele, paga seus impostos e também tem direito de usar a via pública e os serviços de transporte. E, no direito de uso dos transportes e das vias públicas está intrínseco, inseparável, o respeito pela integridade física do outro usuário, além do respeito e obrigações em relação a utilização e conservação das vias públicas. E outros e outros atos de civismo e de boa educação que fazem bem a todos.
Porém, não nos admiremos tanto assim: esse cidadão é um entre muitos. Veja: a madame que publica no Facebook sua foto em Paris, tendo como segundo ou terceiro plano a célebre Torre Eiffel dando ênfase à limpeza da cidade luz é a mesma que abre o vidro do seu carrão na rodovia entre Macapá e Santana para jogar, na via pública, o saco de biscoito que seu filho esvaziou. Que exemplo para se dar a uma criança, hem!  Como ter moral para cobrar limpeza do poder público?
Será que apenas os olhares de reprovação serão suficientes para que os sujismundos se “manquem” e percebam a gravidade de seu ato? Não! O sujismundo nasceu e vai morrer sujismundo. Então, aproveito para sugerir àquelas pessoas que costumam jogar seus lixos pelas janelas dos veículos que continuem fazendo isso. Assim, no dia em que acertarem alguém da própria família, ou alguém que tenha o pavio curto, sentirão na pele as consequências de sua má educação.
Pior é aquele político que, sorrindo hipocritamente para seus eleitores, arrota arrogância em sua própria casa com a doméstica e não providencia uma lixeira para a frente de sua casa. Alma de urubu, espírito de porco.
A mente de muita gente ainda não “descobriu” a utilidade de uma lixeira. Não me refiro ao conhecimento da lixeira como substantivo concreto, nem à finalidade da lixeira em si. Refiro-me à capacidade intelectiva de certas pessoas para fixar o que representam o lixo e a lixeira para a vida do ser humano, o que está implícito na exposição da lixeira aqui, ali, no próprio ônibus, nas praças. Ela está pedindo, calada, para você, cidadão: seja um coletor de seu lixo! Use-me! Colabore com a limpeza do planeta! Colabore com a higiene de sua família e de sua vizinhança! Arrumar seu próprio lixo em local apropriado também significa saúde.
Campanhas de conscientização não faltam. Acredito que não faltem também professores orientando as crianças nas escolas a administrar seus lixinhos. Suponho que os pais educados orientem seus filhos. Mas, é suficiente virem as enchentes para constatarmos o que a água continua a trazer quando as áreas alagadas e os canais transbordam. Lixo! Garrafas de plástico, latas secas de refrigerante. Isso é o resultado da falta de educação dos sujismundos. Muitos ribeirinhos, tanto da zona rural, assim como da zona urbana têm o péssimo hábito de jogar coisas nos rios e canais. O resultado é o entulho, a destruição, o acúmulo de insetos, as doenças. Mas, tem gente que não aprende. Apesar das campanhas, as pessoas continuam a entulhar os canais e córregos. Todos com a mesma mentalidade do cidadão que joga lixo pelas janelas dos veículos, depois querem cobrar limpeza do poder público. Falta de conscientização ou de vergonha na cara? Mais de 20 toneladas de entulho retiradas do canal do Beirol! Assim não dá, minha gente!

Meus impostos ajudam a pagar os garis para juntar o lixo das vias públicas, sim. Mas ajudam também na educação, na saúde, na segurança. Ah, impostos meus! Nem por isso vou sair por aí jogando os meus restos na cara dos outros ou fora da lixeira para os cachorros e os urubus espalharem. Santa porcaria! Longe de chegarmos aos pés do primeiro mundo! Ainda mais com toda essa corrupção que nos assola e esse monte de gente que contribuiu para a criação de uma nova moda na cultura brasileira: a moda das Operações da Polícia Federal. Processos que se acumulam e que, por alguma arte, estão dormindo em algum lugar depois de tanto trabalho que deram aos agentes da PF, aos membros do Ministério Público e do Judiciário, depois de tanto mal que seus atores e atrizes causaram ao Estado do Amapá. Indignaram-nos e indignam ao sabê-los sem um resultado eficaz, posto que os acusados estão prontos para voltar ao ataque através da memória fraca de eleitores que se deixam manipular, em sua maioria, por não perceberem a gravidade da coisa ou por trocarem sua inocência pela insistência descarada e astuta dos chacais. "

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O Brasil está indo para o brejo.

Publicado hoje no Diariodoamapa.com.br


  Os últimos acontecimentos que expuseram nosso estado novamente à crítica da opinião nacional não são, nada mais nada menos, que o resultado da cultura da corrupção mais uma vez praticada de forma escancarada. O que estamos vivenciando é resultado de atos viciados praticados na gestão de administradores descomprometidos com o povo que formaram um grupo, o que nos faz crer depois de tantas denúncias, com a finalidade exclusiva de assaltar o estado e o povo amapaense. Ou seja: uma quadrilha!
Foi um período administrativo quase pacífico, onde tudo fazia crer que todos estavam em perfeita lua de mel. Alguém definiu como harmoniosa a maneira de agir desse grupo. Por quê? Porque não existia nenhum controle da parte de quem tinha por mister controlar os atos da administração, seja legislativa, seja executiva. Investigações, denúncias, afastamentos de cargos, prisões, habeas corpus, recondução aos cargos. Mas, como tem gente surda aos clamores do povo que, lembre-se, é o mesmo que elege, as coisas permaneceram em perfeito entendimento, ou seja, harmonicamente (faça uma retrospectiva na memória e você lembrará). Povo já incrédulo em mudanças, as ondas de assalto e de violência espalharam-se pela cidade. Você lembra do policiamento comunitário implantado em 1998 no bairro do Araxá e no Perpétuo Socorro, as áreas consideradas, na época, as mais perigosas de Macapá? Na mesma ocasião foi criado o projeto Anjos da Paz, que visava a reintegração à sociedade de jovens das gangues do bairro Perpétuo Socorro. Foi desativado pelo seu sucessor que também desprezou o Museu Sacaca. Quem frequenta esse museu,  sabe falar sobre sua situação nas administrações que sucederam a de seu idealizador.  
Na atual administração, o museu foi revitalizado trazendo de volta o prazer para seus frequentadores de relaxar em uma área verde no centro da cidade, misturando cultura e lazer. Além de ser mais uma opção para o turismo.
Para refrescar ainda mais nossa memória lembremos que a harmonia na saúde, harmonia na educação, etc, culminaram com operações policiais, entre as quais a Operação Pororoca, a Operação Mãos Limpas, a Operação Eclésia e as últimas que presenciamos recentemente vomitando a sujeira que pessoas que não têm o mínimo compromisso com o povo tentavam esconder da sociedade. Alguém sabe dizer se tem alguém preso? Ainda não??
Existe uma rivalidade mórbida entre grupos políticos diversos em desfazer os bons projetos que beneficiam a população amapaense, só pelo simples prazer de não lhes dar continuidade por terem sido idealizados e implantados por grupos rivais políticos. E quem sofre com isso é o povo. Como se não fosse o povo quem os colocasse na posição que ocupam e ao povo devem explicação.
O perigo que não apenas ameaça, mas que já está instalado na mente do povo é o sentimento de impunidade que grassa, alastrando-se no estado e no país. Triste constatação, pois os bandidos continuam tirando proveito da situação.
Temos muitas leis boas, é verdade. Nossas instâncias recursais permitem que o defensor atento explore até as entrelinhas das leis. Porém, existem requisitos a serem observados para que essas leis não fujam às suas finalidades que, em simples palavras, visam livrar a sociedade dos maus agentes públicos punindo as condutas lesivas.
Vamos lembrar e exigir de nossos candidatos e a seus comandados, que leiam e gravem: O artigo 37, caput, da Constituição Federal determina que a Administração Pública Direta e Indireta, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obederá aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. E no inciso XXI e nos §§ 5° e 6° do mesmo artigo refere-se a outros principios que norteiam a Administração Pública (licitação pública, prescritibilidade dos ilícitos administrativos, responsabilidade civil da Administração) e o da proporcionalidade.
Como disse Joseph-Marie de Maistre, escritor, filósofo, diplomata e advogado francês (1753-1821): "Cada povo tem o governo que merece". Tenha cuidado na hora de votar para não trazer de volta o pior para o estado."

terça-feira, 3 de junho de 2014

Nosso voto tem peso, cheiro e gosto.

Publicado no Diariodoamapa.com.br em 29.05.2014.

Recentemente o lado sujo de nosso estado foi novamente mostrado em rede nacional pelo Fantástico. Uma vergonha a mais para o povo amapaense que não esqueceu ainda que há exatamente dois anos, 22 de maio de 2012, às 04h00min, foi deflagrada a Operação Eclésia, promovida pela Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público do Estado do Amapá. Os casos investigados consistiam na emissão de notas frias e contratos com empresas e servidores fantasmas com o fim de desviar recursos públicos.
Agora, dois anos trascorridos, a reportagem do Fantástico nos mostra um novo esquema de notas fiscais fraudadas para justificar despesas com a finalidade de ressarcimento da verba indenizatória dos gabinetes dos deputados investigados pelo Ministério Público, além de diárias exorbitantes que recebem aqueles que se dizem “representantes do povo”.
Por que nosso voto tem peso? Você deve ter várias respostas. O peso do meu voto é nada mais nada menos do que o direito que eu transfiro ao político para me representar naquela casa, símbolo da democracia, de legislar a favor da melhor saúde, da melhor segurança, da melhor educação, do melhor transporte, da melhor cultura, e mais e mais, para mim e meu próximo. Então, através do meu voto transmito-lhe o poder de me representar, que, para mim, além de ser uma obrigação é também um direito que me foi assegurado pelo Decreto nº 21.076, de 24/02/1932, (nessa época para as mulheres não era obrigatório nem para os homens de mais de sessenta anos), assinado pelo presidente Getúlio Vargas.
Infelizmente, na maioria das vezes, seu voto é menosprezado, pisoteado quando o seu eleito faz o que fizeram e têm feito gente que só quer se beneficiar com o mandato tornando-se sujeitos de insolentes desvios de conduta e de finalidade ferindo de morte a democracia. Legislar para o povo e pelo povo. Quando?
Nosso voto tem cheiro. Do nosso bolso saiu o dinheiro para pagar o cheiro verde da cozinha de quem? Toda dona de casa sabe que não se gasta tanto cheiro verde assim nem em anos de culinária. Porém, se acreditarmos que o cheiro é de mentira e de falsidade, aí sim, poderemos aceitar a justificativa da nota do caso concreto.
Nosso voto tem gosto. Arghhh! Essa aí já ficou na história: gosto de ração! Meus impostos, seus impostos, serviram para pagar ração para cachorro de madame! Há muito tempo o pobre cachorro já teria morrido empanturrado com tanta ração. Ou será que tem tanto cachorro assim? Meus cachorros comem ração paga com meu salário. Acredito que os cachorros do meu vizinho também comam ração paga com o seu salário. Será que a nobre excelência que criou esse fato está precisando de que se corra a sacolinha a seu favor?
Só a título de esclarecimento: A verba indenizatória são os recursos que o Poder Legislativo repassa para custear os trabalhos dos gabinetes parlamentares. Chama-se indenizatória porque é liberada após os gastos realizados. A verba indenizatória é usada para ressarcir despesas com locação de imóveis e de veículos, material de expediente, combustível e contratação de consultoria. Na Câmara Legislativa do Distrito Federal, cada gabinete pode receber até R$ 20.000,00. ACORDEMOS!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Mudança de atitudes, já! (II)

Publicado no Diariodoamapa.com.br no dia 22.05.2014.

O ano eleitoral inflama os discursos políticos e as estratégias na ânsia de atrair os votos obrigatórios dos eleitores pouco ou nada politizados. Os partidos fazem alianças com aqueles que atraem votos. O que nem sempre representa o melhor para a sociedade, mas pode representar o melhor para os partidos porque querem, a todo custo, que seus candidatos sejam vitoriosos. Tudo é um grande jogo. O interesse continua o mesmo: pessoal. Quem se diz esclarecido, assim continua e vota. Só que o voto pode ser parcial ou imparcial, nem sempre objetivo. Quem não é amigo de político, vota naquele que lhe parece mais viável segundo as suas próprias convicções ou vota em branco ou anula. Triste atitude.
As antigas barreiras que se levantaram para a abertura e a popularização do conhecimento dirigido para os mais desfavorecidos, continuam a ser disfarçadamente levantadas, malgrado ter muita gente empenhada em bons projetos de educação em nosso país.E como a vida e o tempo não pedem opinião para passar, a vida passa tristemente transferindo o fardo pesado de pais para filhos que, por sua vez, continuarão a trocar seus votos por migalhas ou por uma bolsa desemprego. O que é muito ruim para o país. Se as pessoas não mudarem o seu interior como podemos querer que as coisas mudem?
A oportunidade de educação, de trabalho e de lazer para todos continua sendo a melhor opção para se criar uma sociedade livre e produtiva. E, lazer, não é apenas construir praças para os mal educados jogarem seus lixos de restos de comida, e, depois irem reclamar que não existe limpeza pública, como se vê nas praças da orla e nas ruas de nossa cidade. A limpeza deve ser feita primeiro na própria mentalidade e no comportamento.
Os investimentos em geral e o compromisso com o bem comum ainda são os requisitos para tirar um povo da violência e da miséria mental. Por outro lado, ficar rezando ou orando, deixar passar as oportunidades esperando que caiam do céu ou se repitam é conformismo, comodismo e certeza de desastre.
Perseguir o sucesso é atitude dos vitoriosos, porém, é imprescindível se investir mais na educação básica por ser a mais freqüentada pela camada da população mais necessitada. Com muito sacrifício ou mesmo raramente, ou nunca, um jovem pobre conseguirá chegar até a universidade. Em especial os jovens dos municípios afastados da capital como, Tartarugalzinho, Calçoene, Amapá, Cutias, etc. A maioria abandona os estudos quando se vê diante da necessidade de emprego, ou de uma situação de risco, ou da dificuldade dos agentes públicos em disponibilizar meios para que esses jovens levem seus estudos adiante.
As situações que provocarão mudança de atitudes e melhoria de vida para o povo precisam ser previstas. Todos devem empenhar-se em recuperar valores que provoquem a mudança interior das pessoas e investir na infância e na juventude. Inclusive na mentalidade política.
O verde e o amarelo de nossa bandeira que tanto valorizamos no futebol deve ser motivo de orgulho também na educação e na cultura. Afinal, temos muito mais do que futebol, carnaval, corrupção e bundas para mostrar ao estrangeiro."

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Mudança de atitudes, já. (I)

Publicado no Diariodoamapa.com.br no dia 21.05.2014


"A noite sucede ao dia. O dia sucede a noite. Quem vem primeiro? É como a galinha e o ovo. Assim, a noite e o dia continuam como sempre foi durante séculos e séculos, deitando-se, espreguiçando-se e levantando-se sobre a honestidade ou a torpeza, a ação ou a inação do ser humano, sobre a felicidade e a infelicidade de bons e de maus, de pobres e de ricos, tanto de espírito como de bens materiais;
A vida segue seu curso sem perguntar, sem medir o tempo, nem pesar a ocasião. A vida elabora a ocasião, as oportunidades. A mãe de família continua a criar a sua prole e a desejar o melhor para seus filhos na alternância de um trabalho e de outro, dentro e fora de casa. Em nosso país, que já está conhecido como um país de riscos, de violência, o pai sai para o trabalho nem sempre na mesma cidade sem a certeza da hora do retorno para o lar. Ambos se perguntam apreensivos com o futuro duvidoso se seus filhos terão destinos semelhantes. Quanta incerteza aflige o sono de pais pobres e preocupados com o futuro de seus filhos!
As comadres, os fiéis e os infiéis continuam rezando segundo a reza que lhes convém ou a crença que lhes foi ensinada para, logo depois, prosseguirem suas vidinhas caridosas ou de fofoca e de egoísmo, na esperança que lhes caiam as melhores bênçãos dos céus. Setenta vezes sete os seus pecados serão perdoados e, assim, continuam a espalhar a bondade ou a discórdia. E mesmo a desgraça quando agem de má fé. Às vezes em relação ao seu próprio sangue;
O corrupto protegido pelo segredo do ato confessional, desabafa e assume o mea culpa diante daquele que se diz representante de Deus. Porém, mal se vê fora da igreja, telefona para lembrar ao empresário (ou vice-versa) que passará pra pegar sua porcentagem de comissão ao cair da noite;
Outro homem que acabou de pedir perdão de seus pecados de adultério, já sai da igreja olhando a vizinha popozuda, que segue na sua frente toda rebolante. Idéias de pecados carnais de todas as cores e grandezas acabam de passar por sua cabeça provocando um tesão de arrepiar a sua espinha de alto a baixo e vice e versa. Com o corpo inflamado e a cabeça para explodir diz baixinho para alguém que ele chama de deus: “Perdão, perdão. A carne é fraca. Confessarei e pedirei novamente perdão por este novo deslize desde que a vizinha consinta em marcar um encontro”;
O “marido,” que não é marido de direito, saiu às pressas da igreja onde havia acabado de confessar os pecados na frente dos irmãos e entra no carro, quase correndo, para ir buscar a amante mais jovem na saída da escola. Só que este aqui, não está em pecado. Afinal, é solteiro e não fez voto de fidelidade a ninguém;
O pecuarista vai fazer uma ronda de manhã cedo nos fundos do terreno e encontra os vizinhos bebendo e pescando à beira do seu lago. Na maior cara de pau de ressaca dão bom dia e, sequer, levantam a âncora nadegal do chão, onde estavam sentados. Devem imaginar que Deus criou a natureza para todos, inclusive a do terreno do vizinho. O respeito à propriedade privada, deve ser considerado apenas para as suas próprias;
São essas mesmas pessoas que preparam armadilhas para os administradores que tentam aplicar corretamente os impostos pagos pelos cidadãos. São uns brutos que se escondem por trás de falsos mantos de elegância e honestidade. Pessoas como essas precisam mudar seu interior, sua maneira de ser, se quiserem que o país melhore”.



sábado, 17 de maio de 2014

Anos 60 aqui na França e no mundo.

Veja só essas relíquias:


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Mentira, trapaça x obtenção de vantagens.

Publicado no Diariodoamapá.com.br, hoje, 14 de maio de 2014.

O cidadão honesto, e pelo mesmo motivo, o cidadão desonesto, têm que estar com a defesa redobrada em relação aos outros. A mentira, faz tempo, está correndo solta para se obter vantagem sobre as pessoas, seja em que ramo de atividade for. Alguns exemplos corriqueiros:
Você vai à farmácia da esquina comprar um anti-séptico X para fazer um curativo. A pessoa atrás do balcão lhe propõe um elemento Y. Confiando na sugestão da vendedora, você aceita. Quando vai fazer o curativo daquele golpe você olha com cuidado a caixa do produto. Só então vai perceber que esqueceu de verificar a data de validade no momento da compra que, no caso concreto, prescreve em dois meses. Você xinga a vendedora, mas já é tarde. Ela está bem distante. Você não está na cidade e precisa com urgência daquele remédio. Resolve tirar o lacre da caixa, mesmo sabendo que não vai ter tanto curativo assim para fazer em dois meses (felizmente, para a sua saúde);
Você encomenda uma canoa do caboclo na beira do rio e recomenda que quer sem branco e sem buraco na madeira. No dia acertado para a entrega vai buscar a canoa no estaleiro do caboclo. A canoa está pronta, amarradinha, aguardando você...dentro da água. Diz a ele para puxar a canoa para a terra para que você possa olhar os baixos dela. Seu marido diz que não precisa. Você se irrita porque não vai dar vazão à sua desconfiança, mas se conforma com a atitude negligente adotada pelo marido. Em casa, colocam a canoa emborcada na varanda para secar, para calafetar e, depois, pintar. Dois dias depois, o vizinho vem fazer uma visita e, olhando os fundos da canoa lhe mostra que está cheia de brancos. Você xinga o marido e telefona para o caboclo, desfazendo o negócio e exigindo devolução imediata do dinheiro pago;
Dias depois, manda fazer uma canoa na cidade e pede uma canoa calafetada e pintada. Quando você sabe que a canoa está em plena fabricação, vai vê-la. Surpresa: a madeira está cheia de broca. Você sobe nos tamancos, não aceita as desculpas e desfaz o negócio imediatamente;
De novo na beira do rio, você encomenda uma determinada madeira. No dia da entrega, se o marido não selecionar, só paga refugo. E o que sobra mata de raiva quando ele constata que não dá para aproveitar mais de dois ou três pedaços. Perdeu seu tempo e seu combustível. Volta apreensivo para casa, de mãos abanando. Você telefona para o madeireiro, dando um prazo para ele devolver o dinheiro que seu marido havia dado como sinal;
Chama alguém para trocar um poste de madeira velha que está ameaçando cair. O homem te enrola durante meses e, quando decide ir, com a maior cara de pau ele te “sugere” como pagamento nada mais, nada menos que um boi. Você o manda para longe e procura outra pessoa;
Você vai com seu marido comprar uma peça para a sua máquina de lavar roupas, mas aguarda no carro. Quando seu marido volta com a peça você percebe que a marca na caixa é diferente. Ele diz que está tudo bem. Quando ele vai trocar a peça da máquina, ela não funciona e ele diz que ela está com arranhões como se tivesse sido usada. Outra vez xinga o marido e diz para ele parar de confiar em qualquer pessoa;
Vocês vão comprar combustível no posto da beira do rio. Sob as ordens do patrão, o vendedor mede o produto dentro de um balde. Ficam atentos, mas de orelha em pé porque o balde do homem é meio esquisito. E como isso provoca a desconfiança de outros compradores vocês decidem que também não comprarão mais dele.
Em casa, você encontra seu açucareiro de plástico dando voltas em torno de si mesmo, como se tivesse entrado no microondas. Você pede explicações da mulher do caseiro, ela diz que não aconteceu nada...Nossa! Como é cansativo lidar com mentirosos e preguiçosos.
Cada vez mais dá-se conta de que nosso povo está tão envolvido com a obtenção fácil de vantagens que a mentira e a trapaça continuam sendo usadas como armas poderosíssimas. E tudo com uma aparente e chocante simplicidade de deixar lerdo o mais desconfiado dos viventes.
As falsas promessas de políticos não passam de mentira; a cara de pau dos mensaleiros que insistem em ludibriar a justiça e o povo; a mulher mentirosa; o marido mentiroso; o comerciante que trapaceia; o vendedor que tenta te enrolar; o colega de trabalho ou teu chefe que esconde os projetos dos outros colegas; a mulher do restaurante que repõe a sobra da mesa na panela; a outra servente que em vez de te servir frango serve ossada de frango. Caramba! Tem-se que estar em estado permanente de defesa e, muitas vezes, correr o risco de cometer algumas injustiças involuntariamente ao se desconfiar até de quem esteja falando a verdade! Pior, não dá nem para se zangar mais ou você vai acabar morrendo de um enfarto. Relaxe...mas não aceite o que não presta.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Religião quando usada como controle: pense nisso.


Por que parece tão delicado abordar o tema Religião? Pelo fato de sermos um país muito religioso e qualquer discussão sobre o assunto gerar polêmica? Tabu? Medo do “inferno” se raciocinarmos sobre o assunto? O leitor percebe que estou generalizando e que não estou distinguindo Religião A ou B ou C?
Há países que fazem ou fizeram do assunto motivo de guerras durante séculos por causa da idéia de que “a minha religião é a certa e não deve ser contestada”. É mais cômodo impor ou aceitar do que retrucar. Por que “o ateu é pecador e não deve ser aceito”? Convive-se com pessoas que não se preocupam com a vida religiosa mas seguem as boas normas de comportamento e respeito que regem as relações nos grupos sociais. Por outro lado, convive-se também com pessoas que não saem das igrejas mas que nos deixam pasmos com a prática de atitudes que nada têm a ver com o comportamento de quem se diz cristão.
Você já percebeu que os países mais corruptos ou mais intransigentes são aqueles que mais praticam as religiões? Pessoas que raciocinam têm o pensamento livre e não são fáceis de serem manipuladas.
Qual é mesmo a definição de pecado além da prática daqueles atos que vão de encontro ao respeito à vida, à honestidade e à segurança dos cidadãos? O que é pecado original? Você ter nascido de um ato sexual? Porque meus pais quando me fizeram amavam-se, concluo que nasci de um ato de amor e, nele, não consigo ver nenhum pecado. Então, eu não carrego o fardo pesado desse pecado original que tentaram incutir na minha mente... Pense.
Quem lê a história das civilizações percebe que a força da religião sempre esteve presente junto aos homens que, para o bem ou para o mal, influenciaram na vida das pessoas. Refiro-me ao controle que os líderes religiosos e políticos exercem no pensamento e no comportamento.
Todos sabemos que, no passado, a Inquisição foi um dos maiores instrumentos desse controle através do medo e da repressão, levando, na maioria das vezes à morte e à desapropriação dos bens da pessoa condenada. E, a maioria inocente, não tinha sequer o direito de conhecer seu delator (que recebia parte dos bens do condenado). A Inquisição era um negócio lucrativo não apenas para a igreja mas, também, para toda a cadeia de inquisidores que se formava beneficiando família dos inquisidores e amigos.
O controle social era mantido através do controle dos atos do povo e até mesmo do pensamento (eu disse “era’?). Pensar diferente do que pensavam os líderes e professar religião diversa eram motivos para o inquisidor submeter o infiel, o herege, ao aparato inquisitorial. Judeus, muçulmanos, ciganos, cientistas, filósofos, etc, todos eram passíveis de passarem pelo crivo inquisitorial. E hoje? Porque pensamos, somos também hereges?

A tradução da Bíblia do Grego para a língua vernácula era considerada motivo para condenar à morte o seu tradutor. Galileu Galilei, acusado de heresia, para escapar da Inquisição em 1611 assinou em Roma um decreto onde declarava que o sistema heliocêntrico de Copérnico (admitido e estudado por Galileu) era apenas uma hipótese. Suas obras foram censuradas e proibidas. Só vinte anos depois deu continuidade a seus estudos. Em Sevilha, na Espanha, o Castelo de San Jorge foi transformado em sede do Tribunal da Inquisição pelos Reis Católicos Isabel e Fernando, e assim permaneceu por mais de 300 anos. Atualmente, abriga o Museu da Inquisição. 

Religião quando usada como controle: pense nisso. Parte II


Muitos mouros, judeus e cristãos protestantes e quem não aceitava os dogmas de uma igreja intolerante e fanática encontraram a morte no Castelo de San Jorge, em Sevilha, na Espanha. Isabel e Fernando, reis da Espanha, são venerados nesse país por haverem unificado o reino ibérico mas, para isso, não hesitaram em perseguir e matar (fato que não se estranha na história das conquistas de território). E denominaram-se “Reis Católicos”... (há de se esperar piedade de quem se denomina assim e não o contrário).
O principal fundamento da Inquisição dos Reis Católicos era exterminar toda pessoa tida como herege, que professava um credo diferente ou que pensasse diferente do regime imposto para não prejudicar a unidade do reino.
Mais recentemente, o fascismo, o nazismo, destruíram famílias e praticaram genocídios contra os que chamavam de dissidentes do regime (para resumir). E não imagine que o movimento difundido por Lutero foi isento disso tudo. Precisa-se ler mais sobre a doutrina desse senhor e pararmos de santificar os líderes.
Como nos dias atuais, a maioria dos líderes nunca teve interesse no esclarecimento do povo. Dominar, de uma forma ou de outra, evita o embate. Ter uma “platéia” que pensa diferente pode ser um risco para quem está em situação de poder. Alguém estranha isto, após os anos de ditadura que vivemos no Brasil?
Por outro lado, a ignorância, o medo, a conveniência e o comodismo das pessoas dão margem para a prática da injustiça, da impunidade e propicia o domínio.
Atualmente, com a Internet, é impossível permanecermos alheios aos acontecimentos. E, se lermos mais um pouco, veremos que será mais difícil sermos enganados. A não ser que o que estiver em vista for o benefício pessoal, uma troca de um voto por um cargo ou por qualquer outro bem. Se é isto o que interessa, o resultado é o que vivemos atualmente em nosso país: corrupção, insegurança e descrédito nas instituições.
Você já percebeu quantos políticos que nem apareciam na igreja para rezar, quando querem se eleger começam a comportar-se como santos e até mudam de religião? Não acredite nessas falsas mudanças.
Observe os comportamentos e reative a sua memória. Seja um daqueles que não se deixam manipular ou enganar todo o tempo. Não acredite em promessas e em líderes que emprestam o púlpito de suas igrejas para o discurso político partidário. Ou esse lugar deixou de ser considerado sagrado e reservado à pregação do evangelho?  Não se misturam o joio e o trigo, especialmente naquelas casas chamadas de Casa de Deus.
Se o seu líder religioso pedir voto para alguém, lembre-se que Jesus não negociou com os mercadores do templo. Ao contrário, expulsou-os do templo.
Seu líder religioso (ou o filho ou a mulher dele) “ganhou” algum cargo público depois que usou você para eleger alguém? Pois saiba que ele é um daqueles mercadores do templo. Não aceite isso. Vote nas próximas eleições com a sua consciência. E pare de trocar o seu voto por benefícios pessoais. Não esqueça o exemplo que tivemos recentemente na liderança de nosso estado e os maus frutos que ainda estão sendo colhidos.

Certa vez, tive dificuldade mas consegui mudar a visão de uma agricultora sobre a sua maneira de escolher um candidato. Ela dizia: não voto no fulano porque ele não vai me dar nada. O que reflete o pensamento da maioria, na realidade. Depois, com o esclarecimento que lhe fiz, felizmente ela compreendeu a importância do voto. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mais seriedade para com a natureza.

Artigo publicado no Diariodoamapa.com.br em 02.04.2014

              A calma reinante no espelho de água que se deita diante da casa só é perturbada pelo eco dos gritos das araras que atravessam o rio e pelos cantos e gorjeios dos pássaros. Garças e maguaris cruzam-se no ar procurando peixes. O tapete de mururés que se estende às margens, de um lado e de outro da ponte, lembra a quantidade de poluentes jogados no rio provenientes das fezes dos animais das fazendas existentes. A presença do mururé nos rios e nos lagos é um indicador de poluição das águas. Sua permanência nas margens dos rios diminui a erosão, ajuda a despoluir a água e favorece a reprodução dos peixes. Viveiro permanente em frente às casas quando se pratica a pesca de subsistência. Homem e fauna fluvial, ambos saem ganhando.
O vento que rasga o curso do rio todas as tardes provocando maresias, parece vir das profundas sem pedir passagem silvando mais ameaçador que uma serpente. O invasor joga tudo abaixo no traço de seu percurso. É hora de fechar as portas das casas. Se alguém estiver dentro da mata é prudente procurar abrigo para não ficar à mercê da queda de alguma velha árvore.
As águas do rio começam a subir de nível invadindo o terreno sob as palafitas em conseqüência de suas nascentes serem visitadas constantemente pelas chuvas. O que é bom para todos: pasto, animais e homens. Ainda é hora de colher a bacaba ou o açaí. Quando não chove, a sua presença fresquinha na mesa é garantida. Os colhedores têm receio de subir na árvore molhada e lisa. Os empregados reúnem-se com ou sem os patrões e partem para a mata a cavalo. Ficam torcendo para que os tucanos e as araras não cheguem antes deles nos frutos. Concorrência desleal. Tatus e pacas já saborearam aqueles que caíram aos pés das árvores. O cardápio vai mudar do frango ou do peixe frito ou cozido. Será substituído pelo paladar da mistura de coisa doce com coisa salgada: bacaba ou açaí com açúcar e peixe de salmoura assado na brasa. Restaurante francês conhecido por servir iguarias em pequenas e finas porções com aquele cerimonial peculiar que faz você se sentir como um rei ou uma rainha, o garçon, impassível e ciente de seu métier fazendo os biquinhos que a pronúncia do idioma requer, ou restaurante italiano onde tudo é gritaria e animação com suas massas e molhos, nem pensar. Só a culinária indiana ou árabe, onde em cada caçarola mora um gênio de lâmpada mágica, faz salivar e sonhar num décor típico dos palácios árabes das mil e uma noites transformados em restaurantes.
Nesta terra onde “em se plantando tudo dá”, se Pero Vaz de Caminha houvesse observado mais os animais perceberia que há casos em que nem tudo precisa ser plantado porque a fauna existente encarrega-se naturalmente de semear. Bendita terra das palmeiras!
O que é imprescindível mesmo é que as pessoas se conscientizem que o homem pode e deve viver em harmonia com a natureza, como faziam os povos primitivos.
A partir do momento em que o comércio predatório (desde a colonização portuguesa) e a indústria irrefreável começaram a se expandir, a natureza passou a ser impiedosamente explorada.

As leis de proteção ao meio ambiente são claras. Os indivíduos ou os grupos tendem a não respeitá-las. Toda agressão à natureza contra a flora, contra a fauna, contra o solo, etc, deve ser punida sem tolerância e sem obstáculos ao trabalho daqueles que aplicam a lei. O país investe em campanhas de educação para conscientizar os cidadãos. O que é válido numa primeira fase. Porém, melhor conseqüência traz a aplicação das sanções cabíveis a cada caso. O resultado é positivo quando o estado brasileiro mostra sua força sobre o ato criminal cometido punindo seu autor. Por outro lado, de uma maneira geral, os investimentos locais e nacionais na educação, no pessoal e nos meios para possibilitar a aplicação das leis, aliados à seriedade dos agentes na sua aplicação, constituem indicadores suficientes para acreditar que se está no rumo certo de um futuro melhor para todos.

sábado, 29 de março de 2014

Acordo entre galinhas.

 Publicado no Diariodoamapa.com.br, de 29.03.2014

Há três anos, compramos um galo e várias galinhas de um empregado que foi demitido. Tudo ia muito bem para a criação até que começamos a desconfiar das respostas do novo empregado e de sua mulher quando perguntávamos o que estava causando o sumiço das penosas. Com a peculiar cara de pau das pessoas que mentem os dois colocavam a culpa nas garras poderosas dos gaviões. Percebia-se que não falavam a verdade. Cada vez que vínhamos à fazenda constatávamos que o número de galinhas diminuía. Até que resolvemos colocar outro empregado. Salvamos o que restou das galinhas e mais alguns frangos. E o que restou é o que existe até hoje e mais outro galo. Fora os trinta ovos que o caseiro remplaçant deixou os cachorros comerem, agora temos três ninhadas em andamento com onze recém-nascidos. O gavião comedor de galinhas sumiu junto com o mentiroso.

Certa vez, observando o galo procurar ninho para as galinhas botarem seus ovos notei como o seu ato paternal era sério e cheio de responsabilidades. Coisa que não me passava pela cabeça quando minha mãe criava, na cidade. A galinha procurava um lugar tranqüilo e quando percebia alguém por perto ela saía toda assustada. O galo entrava em ação chamando cocó, cocó e, caminhando na frente da parceira sobre a ponte, experimentava os lugares para ela aninhar. Ora era a horta suspensa, ora era uma prateleira de colocar trecos na casa do caseiro, ora era o fogão a lenha. Em sua linguagem a galinha o seguia ficando exatamente no lugar onde o macho lhe indicara. Achei incrível! Comparei a atitude do galo com a atitude da maioria dos homens e achei graça.

Das galinhas que restam na fazenda existem duas que resolveram chocar seus ovos no mesmo ninho. Separo os ovos e as galinhas, mas no dia seguinte, encontro-as bem juntinhas e os ovos sozinhos no outro ninho. Passo novamente a teimosa para cima de seus ovos, mas ela volta para o aconchego da colega. Não sou especialista no assunto, mas descobri que isso ocorre porque a verdadeira dona do ninho em comum é aquela que transfiro para o outro ninho. A intrusa é a galinha que não mudo de lugar. Questão de posse ou acordo tácito para proteger a ninhada?

Se a finalidade dessa co-propriedade for baseada no instinto protetor dos futuros filhotes, as galinhas passaram à frente do ser humano. Qual a associação humana que dividiria o seu abrigo com outro que não fosse da família visando a proteção da prole?

Quem garante que entre seres aos quais se condicionou chamar de ininteligentes não exista amor? O que percebemos quando observamos os animais faz-nos acreditar o contrário. O que explica a atitude daquele cachorro que, ao não ver mais o seu dono, percorre mil vezes o caminho que antes percorriam juntos, dono e cachorro, farejando e lamentando a sua ausência. Ou a atitude daquele outro cachorro que acompanhou o féretro do seu senhor até ao cemitério e, a partir desse dia, dorme em cima de sua sepultura? Espera por comida? Não! Sente falta de seu amor.

Então, à atitude do galo que zela pelos ovos de sua companheira; à atitude da galinha que cobre enciumada e protetora seus ovos e, depois, os seus pintinhos, não podemos chamar isso também de amor?

A vaca que parte para cima do estranho quando sente alguma ameaça em relação ao seu bezerro, não sente amor pela cria? É instinto de proteção? E nós, humanos, também temos instinto e temos aquele sexto sentido que não falha. Então, onde está o amor que se quer admitir como particularidade apenas do ser humano, do ser inteligente? Onde está o limite entre paixão, amor e instinto? Podemos até ampliar um pouco os questionamentos e perguntar se existe mais amor em determinados seres humanos do que nos animais irracionais?

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A inquilina insólita.

Publicado no Diariodoamapa.com.br em 21.01.2014

Descobri que tenho uma inquilina clandestina quando eu trabalhava um dia qualquer na área de serviço. Levei um susto com a surpresa. A bicha deu um salto e desapareceu no quintal fazendo-me crer que dava adeus para nunca mais voltar. No 1º dia do ano, ao abrir o armário situado sob o tanque de lavar roupas, eu a vi, ali, a me encarar impondo sua presença. Cruzamos novamente os olhares e percebi que aquela criatura havia adotado a minha casa para passar as festas de fim de ano, e estava ficando...estava ficando... Quando tentei juntar a garrafa seca que havia virado, a criatura deu um salto e saiu, pulando para baixo da máquina de lavar roupas. Sem contar que me deixava boquiaberta com tanta destreza em se desembaraçar de minha presença. Cogitei comigo mesma que, a causa de sua mudança para a minha casa só poderia ter duas explicações: ou a criatura habita o poço amazonas que existe no quintal e teria sido inquietada quando mandamos limpá-lo para substituir o bocal por uma tampa reforçada a nível do piso para podermos circular livremente, ou a dita criatura teria vindo entre as nossas coisas de seu habitat natural, na fazenda.
O certo é que, uma perereca sozinha não faz verão.
Então, não se justifica a sua presença solitária no inicio de 2014, dentro de um poço na cidade afastado de áreas de ressaca! Já vai longe o tempo em que convivíamos no centro de Macapá com sapos e cobras. Lembro que, no final dos anos 60, ainda tomávamos banho com sapos dentro do banheiro de madeira da casa de meus pais. Concluí que, sem perceber, trouxemos a pobrezinha na nossa bagagem da beira do rio. Só vejo esta explicação. E agora? Posso esperar encontrar uma cobra também? A lembrança da cadeia alimentar me impõe este receio.

O que fazer então com a perereca? Tentar aprisioná-la e levá-la de volta para a beira do rio, ou tentar combatê-la? Mas, e se ela pertencer àquela espécie de sapos extremamente fatais à vida humana? Não vou correr riscos. Ela invadiu meu território, mas, reconheço que, antes, eu invadi o dela. E agora? Ressuscito a extinta Inquisição? Chamo a polícia? Ou chamo o corpo de bombeiros? Não sou do tipo que tem medo de perereca, nem vou ocupar o aparelho estadual com uma criatura tão inofensiva. Ora, bolas! Sou filha de um ex-caçador. Só espero que ela não atraia a cobra que já deve estar na casa do vizinho. Afinal, talvez eu tenha provocado esta situação. Mas, já bastam as “cobras” que existem no estado. Então: Chô perereca, chô cobra... Mesmo sabendo que a pererequinha pode ser útil para combater mosquitos espero que procure outro endereço. Adianto que não vou cobrar aluguel.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A necessidade do ser humano de produzir ídolos

Publicado no Diariodoamapa.com.br  em 15.02.2014

 
Produzir ídolos é uma tendência inerente ao ser humano.
Quando crianças, selecionamos nossos ídolos entre os que fazem parte de nosso círculo familiar e entre os heróis de desenho animado ou de algum filme.
Qual o garoto ou garota não fica de boca aberta e olhos vidrados na imagem do Chaves, do Batman, do He-Man, do Tio Patinhas, do Shrek, da Pucca e de outros heróis ou heroínas que embalam os sonhos de cada geração?
Quando começamos a receber as informações religiosas em casa ou na escola, o objeto de nosso culto, o nosso ídolo, será aquele que nossos pais cultuam ou que a professora de religião acha que é bom para nós ou, ainda, aquele que a igreja que nossos pais frequentam já escolheu por nós. Há quem pense que a religião ajuda a educar para incutir bons sentimentos, bons comportamentos, o que é válido quando não se tem o bom exemplo em casa. E, infelizmente, muitas crianças não têm esse bom exemplo pois é a educação recebida no seio familiar que imprime os primeiros traços no caráter.
Já adultos, mesmo que ainda admiremos Batman, Tio Patinhas, etc, temos conhecimento suficiente em outras áreas para expandir nosso círculo de ídolos. No esporte não será diferente. Talvez o futebol comercial, aquele que envolve muito dinheiro, não deva mais ser incluído entre os esportes porque esta categoria de futebol faz é tempo que deixou de ser esporte para ser um “negócio da China”. Mas, vamos lá. Esporte ou negócio, o futebol é cheio de ídolos que se sucedem com uma rapidez incrível.
Na política, nem se fala! Ídolo é o que mais se produz. Basta alguém receber um presente ou ouvir uma falsa promessa de algum político para idolatrá-lo e transformá-lo no “Cara”, no seu ídolo, no homem ou mulher a ser perpetuado no poder. Quantos líderes religiosos ou políticos chegaram ao poder com um patrimônio modesto e, hoje, possuem verdadeiros impérios montados em cima da manipulação das pessoas? Quanta desgraça a idolatria causou na vida das pessoas! Hitler, Mussolini, Stalin, Mao, Kim Jong-il e outros tornaram-se ditadores porque, antes do temor e do terror que causaram foram idolatrados. Empurrados para o poder graças à crise econômica e social interna nos seus países.
Vamos sair da inércia e incentivar o que é bom em vez de continuar a prestar culto a ídolos corruptos e corruptores da dignidade: Qual é o alimento que fortalece a mente e abre os espíritos? A leitura. Quantas bibliotecas públicas já foram criadas aqui no Amapá (antigo Território e atual Estado) ao longo de sua existência? Quantas vagas de Bibliotecário (nível superior), professores de música e professores de arte são ofertadas em concursos públicos? O que é que proporciona ao ser humano o amplo exercício da cidadania? O conhecimento. O que é que desvia o adolescente da marginalidade? Leis e investimentos que disponibilizem meios para que a criança e o jovem descarreguem suas energias no esporte em geral (não apenas futebol!) e descubram as delícias que o aprendizado da música instrumental e as artes proporcionam à alma. Investir no grande potencial de nossa infância e juventude representa, entre outros, uma vida melhor para todos; a diminuição da miséria humana e da insegurança dos cidadãos; a diminuição da clientela carcerária. Mas, nem por isso se deve abrir mão do policiamento ostensivo.

Afinal, aqueles que se apossam do erário público roubam a vida, a segurança e a harmonia das famílias que se formam para dar o melhor para seus membros. Pois que as viúvas e os órfãos da violência, os pais e irmãos das vítimas do descaso amaldiçoem todos aqueles que construíram suas riquezas sobre o choro da miséria deste povo. E que seus filhos joguem isso nas suas caras e a velhice de suas cabeças não descanse em paz no travesseiro.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O espetáculo da vida no rio.

Publicado no Diariodoamapa.com.br em 18.01.2014 As fotos sao minhas.

Foto: Veneide Cherfen

Foto: Veneide Cherfen
Foto: Veneide Cherfen. O peao andarilho.

Foto: Veneide Cherfen
Eu e a canoa.

Sete horas desta manhã de janeiro chuvoso. 25° na beira do rio. No Norte do Brasil, onde a temperatura atinge acima de 30°, uma baixa de 5° faz tirar a roupa mais quente do armário. Tudo tranqüilo na cabeça da ponte. As touças de mururé descem o rio com a vazante para voltarem depois, com a enchente. O boto atrai a atenção com sua magia e beleza fazendo seus mergulhos habituais de pesca. É o terror do pescador quando fura as malhadeiras para atacar os peixes indefesos fazendo-lhes buracos enormes causando duplo prejuízo: um, porque come o alimento que o pescador deveria levar para casa, outro, porque danifica o seu instrumento de sustento. Para as virgens dos vários recantos escondidos da Amazônia, o boto ainda é a desculpa utilizada quando dão com os burros n`água ou, quando desgraçadas pela animália existente em algum próximo, até mesmo da própria família, a barriga começa a crescer. É quando ele se transforma naquele belo homem de olhos azuis vestido de branco e de chapéu na cabeça, que entra nas casas como quem não quer nada, vindo não se sabe de onde mas que, na verdade, vem namorar e engravidar as moças das redondezas. Dizem ainda que, quando ele vai embora deixa um cheiro de pitiú no ambiente e desaparece no ar, ou melhor, na água, sem ser identificado. Só então desconfiam que o intruso era um boto. Aí, é um Deus nos acuda...A boa Maria, que vem de Macapá mas que nasceu e embarrigou a primeira vez na Ilha de Caviana, quando dorme na fazenda fecha todas as venezianas e coloca dentes de alho no sutiã, com medo do boto. Para que a noite se alongue, basta pedir-lhe que conte uma história de boto. Ela solta a língua e repete as lendas de sua terra natal. Entre elas, a história de que uma “buta” deitou-se na rede com o irmão dela e quase o encantou. Os rapazes adoram atiçar a Maria e, no final, todos acabam rindo. Durante o dia, quando a maré sobe, traz consigo os restos de um animal morto que os urubus tentam devorar por cima. Os mururés continuam na sua labuta diária de subir e descer o rio, de acordo com a corrente, sem remar e sem precisar de outro meio de transporte para se locomover a não ser a própria correnteza. No entanto, sabe-se lá que espécies de criaturas levam consigo. Quase se escuta a música silenciosa composta por suas pesadas raízes no atrito das profundezas das águas. O silêncio só é cortado pela canoa que, ao bater na madeira da lancha faz um barulho baixo e ritmado e por um grupo de tetéuas barulhentas que bailam por cima da ponte. Verdadeiro espetáculo. Sem necessidade de ir à Ópera de Paris, de Lyon ou de Douai. Aqui, tem de tudo. O italiano Verdi comporia maravilhas com toda esta riqueza.
No fim da tarde, depois de voltar da roça com os últimos jerimuns e maxixes o empregado remplaçant entra com uma enfiada de acaris e apaiaris pescados ao lado da casa numa rara e agradável surpresa. Depois, vai tomar seu banho no rio e repete o cerimonial habitual para seu passeio noturno. Vai fazer concorrência aos mururés, num descer e subir do rio...remando.

A noite chega depois de um dia chuvoso. Do outro lado do rio, os guaribas gritam chamando as fêmeas. Preparam-se para o encontro. A água continua a descer num vai-e-vem interminável. Os mururés se despedem de nossas vistas para se agarrarem ao primeiro local estável que encontram pelo caminho. Quisera eu poder escorregar como eles sobre as águas!

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide