sexta-feira, 9 de maio de 2014

Religião quando usada como controle: pense nisso.


Por que parece tão delicado abordar o tema Religião? Pelo fato de sermos um país muito religioso e qualquer discussão sobre o assunto gerar polêmica? Tabu? Medo do “inferno” se raciocinarmos sobre o assunto? O leitor percebe que estou generalizando e que não estou distinguindo Religião A ou B ou C?
Há países que fazem ou fizeram do assunto motivo de guerras durante séculos por causa da idéia de que “a minha religião é a certa e não deve ser contestada”. É mais cômodo impor ou aceitar do que retrucar. Por que “o ateu é pecador e não deve ser aceito”? Convive-se com pessoas que não se preocupam com a vida religiosa mas seguem as boas normas de comportamento e respeito que regem as relações nos grupos sociais. Por outro lado, convive-se também com pessoas que não saem das igrejas mas que nos deixam pasmos com a prática de atitudes que nada têm a ver com o comportamento de quem se diz cristão.
Você já percebeu que os países mais corruptos ou mais intransigentes são aqueles que mais praticam as religiões? Pessoas que raciocinam têm o pensamento livre e não são fáceis de serem manipuladas.
Qual é mesmo a definição de pecado além da prática daqueles atos que vão de encontro ao respeito à vida, à honestidade e à segurança dos cidadãos? O que é pecado original? Você ter nascido de um ato sexual? Porque meus pais quando me fizeram amavam-se, concluo que nasci de um ato de amor e, nele, não consigo ver nenhum pecado. Então, eu não carrego o fardo pesado desse pecado original que tentaram incutir na minha mente... Pense.
Quem lê a história das civilizações percebe que a força da religião sempre esteve presente junto aos homens que, para o bem ou para o mal, influenciaram na vida das pessoas. Refiro-me ao controle que os líderes religiosos e políticos exercem no pensamento e no comportamento.
Todos sabemos que, no passado, a Inquisição foi um dos maiores instrumentos desse controle através do medo e da repressão, levando, na maioria das vezes à morte e à desapropriação dos bens da pessoa condenada. E, a maioria inocente, não tinha sequer o direito de conhecer seu delator (que recebia parte dos bens do condenado). A Inquisição era um negócio lucrativo não apenas para a igreja mas, também, para toda a cadeia de inquisidores que se formava beneficiando família dos inquisidores e amigos.
O controle social era mantido através do controle dos atos do povo e até mesmo do pensamento (eu disse “era’?). Pensar diferente do que pensavam os líderes e professar religião diversa eram motivos para o inquisidor submeter o infiel, o herege, ao aparato inquisitorial. Judeus, muçulmanos, ciganos, cientistas, filósofos, etc, todos eram passíveis de passarem pelo crivo inquisitorial. E hoje? Porque pensamos, somos também hereges?

A tradução da Bíblia do Grego para a língua vernácula era considerada motivo para condenar à morte o seu tradutor. Galileu Galilei, acusado de heresia, para escapar da Inquisição em 1611 assinou em Roma um decreto onde declarava que o sistema heliocêntrico de Copérnico (admitido e estudado por Galileu) era apenas uma hipótese. Suas obras foram censuradas e proibidas. Só vinte anos depois deu continuidade a seus estudos. Em Sevilha, na Espanha, o Castelo de San Jorge foi transformado em sede do Tribunal da Inquisição pelos Reis Católicos Isabel e Fernando, e assim permaneceu por mais de 300 anos. Atualmente, abriga o Museu da Inquisição. 

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Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide