terça-feira, 26 de junho de 2007

Reparando atos.

Na vida, fazemos e refazemos coisas. Reparamos ou mandamos reparar objetos. Reparamos até mesmo os atos quando temos oportunidade para tal. Atos que praticamos ou que deixamos de praticar.

Penso que reparar esses últimos atos é difícil quando se tratam de atos que tenham lesado alguém ou você mesmo. Chamo esses atos de atos concretizados ou não (atos omissivos) e não vou me referir aqui a eles pois, geralmente, suas conseqüências foram danosas para quem os sofreu e aí caberá à seara do direito fazer “repará-los”. Mas não é o meu caso.

Aqui, quero me referir àqueles atos que parecem banais tal a sua semelhança com a simplicidade mas que, também, deixam no ar alguma coisa de suspenso, algo que ficou na expectativa, algo a fazer, a concretizar com um simples gesto de amor, de amizade, de companheirismo ou de consideração, tais quais:

1-uma foto tirada de um amigo no seu casamento ou aniversário há anos e que você adiou a entrega e, toda vez que arruma suas gavetas ou que arruma em cima de uma mesa, você encontra essa foto e exclama: “Caramba, ainda não entreguei essa foto. Hoje eu vou entregar”! E, como você fez tanta coisa esse dia, quando você arruma novamente suas gavetas ou suas mesas dias ou meses depois, você encontra novamente a bendita foto. E torna a exclamar o “Caramba...”;

2- aquela promessa não cumprida em resposta àquele convite “aparece lá em casa pra gente conversar”. E você não aparece. E nem a outra pessoa também aparece. Quando você encontra esse amigo meses, anos depois, ambos embranquecendo os cabelos, os olhos já perdendo o brilho da juventude, você diz “Oh amigo, quanto tempo!” E, em questão de minutos, procuram colocar os papos em dias, mas é sempre correndo e aí então, quando se despedem tornam a dizer um para o outro “Aparece lá em casa”, “Sim, vou aparecer”. Até que um dia são seus filhos ou de seus amigos, as crianças que, já crescidas, cruzam com você na rua, no trabalho, no comércio ou na academia de ginástica, e você diz “Você não é filho do fulano (ou da fulana)? Nossa! Como você cresceu! Conheci pelo sorriso que é parecido com o de sua mãe. Como vai ela? Diga que a fulana manda lembranças”!

Hoje, ao procurar algo em cima da minha mesa de cabeceira, achei duas fotos tiradas com amigos no dia de meu casamento, há quase dois anos. Fotos que revelei para entregar. Já entraram e saíram do envelope, da bolsa. Acabei de colocar dentro da minha agenda (estou torcendo para que minhas amigas estejam onde penso que estão nesse momento). Vou entregar. É hoje o dia de reparar esse ato e cumprir essa promessa.

Ou provocamos as situações para encontrar os amigos, ou mais tarde não conheceremos mais seus filhos e aí sim, nos sentiremos envelhecendo. Que tal um simples almoço ou jantar? Mas... compareça, né!

Por isso, quero parabenizar aqui meu irmão Armando e o amigo José Maria que, filhos já crescidos, não deixam de se encontrar os fins de tarde para tomar aquela gelada e colocar os papos em dias pegando aquele ventinho da frente da cidade (de vez em quando eu passo lá também). Esses anos todos, desde que se conheceram no colégio o Armando e o Zema têm conseguido ir além de “passa lá em casa para conversar”...

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide