segunda-feira, 24 de setembro de 2007

As vozes da floresta.

(dedico ao filhote de onça vítima de incêndio recente)
Foto: Veneide
As minhas estranhas…
Descobertas, recobertas, manuseadas,
Roubadas, incendiadas...

Mãe terra, floresta desvirginada.
Outrora, feliz, isolada, inexplorada.

Irmão índio, irmã onça,
Insetos, aves, serpentes, lagos, rios...flores.
Todos irmãos, filhos e filhas
Em harmonia, em sintonia, dependentes.
Cantos, urros, silvos...perfumes.

Já não tenho forças para perguntar:
Por que me entranhar?
Por que me esquartejar?
Nada mais compreendo.

O segredo é ficar em segredo
Da curiosidade vil dos passantes,
Que, perdidos no que fazem,
Procuram por todos os meios
Ocupar, explorar, exterminar
Sem tudo isso muito a sério levar.

Só meus irmãos e meus filhos compreendem
A angústia que transmite o farfalhar de minhas folhagens,
Pois essa angústia é também deles.

Ah, se eu pudesse mover meus pés...
Mas não posso. Estou enraizada nesse solo!

Assim, antes que me calem por completo,
Faço ressoar os sons de minhas entranhas
na imensidão complexa do universo desses versos.
E que meus gritos encontrem eco em corações conscientes
Que reconhecerão então sua própria voz,
E não poderão mais calar...estranhar.
Doentes...ausentes...ventos dementes...shshshshshshshsh


Veneide, 24.09.2007

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide