quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sem complicações, mas...perigosamente.

Esse vestido era róseo. Minha mãe vestia a mim e a minha irmã Vanda como se fôssemos gêmeas. Ela era sábia, pois isso evitava escolher 2 tecidos e 2 modelos (só que eu destruía minhas roupas, jóias e sapatos mais rápido que a minha irmã e, depois, queria colocar os dela. Aí, saía briga! rsrsrs). Saudades da minhã mãe!

Antes, eu pensava que só bastava ter sempre bons pensamentos para atrair tudo de bom. Eu gosto de me relacionar com as pessoas. Não sei sentar perto de alguém sem puxar um papinho. Depois de sentir o humor do outro, é claro.
No Brasil, a maioria das pessoas gosta de conversar. Já, na Europa, você senta ao lado de alguém um dia inteiro e ninguém abre a boca! Quase sempre, eu tomo a iniciativa e, às vezes, a conversa se prolonga um pouco. As pessoas, geralmente, abrem um livro ou um computador e você fica com a língua coçando e não sai papo daí. Depois se queixam de solidão e haja tratamento contra depressão! Eu não sei nem o que é isso!
No decorrer da vida cruzei com pessoas boas e pessoas egoístas, pessoas infelizes, que reclamavam de tudo, que nunca estavam bem e que adoravam se meter em complicações.
Pelo simples fato de evitar esse último tipo, eu imaginava que não me contaminaria.
O tempo passou e eu, sempre fugindo de coisas e pessoas complicadas para não me complicar. E, assim, continuava meu caminho evitando muitos problemas de relacionamentos.
Eu pensava: a vida já é tão complicada! Para quê complicá-la mais?
No entanto, foi quase impossível não me contaminar com as complicações do dia a dia. As pessoas complicadas, essas eu conseguia driblar. Mas, eu tenho certeza que quase eu compliquei algumas situações. Por exemplo: exigindo que se cumprissem regras; exigindo que a honestidade fosse recíproca. Até mesmo, inocentemente, acreditando em pessoas que eu julgava serem honestas e só depois descobria que vestiam uma pele de cordeiro por cima da pele de lobo que as cobria. Aí eu aprendi que não podemos exigir que as pessoas pensem e ajam como nós.
Descobri que muitas pessoas não ficam felizes com a felicidade dos outros por só quererem a felicidade para elas. Afastei-me dos invejosos deixando, assim, de lhes alimentar a inveja. As coisas se complicam se você não se afastar.
Mas descobri também pessoas maravilhosas que sabem se alegrar e chorar com você.
A vida é muito boa quando nós nos amamos o suficiente para não sermos capacho de outro ser humano, mesmo ajudando e estendendo a mão (mas sem deixar levar seu braço).
Se o tempo voltasse atrás para repararmos erros, eu só mudaria uma coisa e apenas uma coisa no meu modo de ser: falaria menos e colheria mais antes de confiar.
Outrora, os meus arrependimentos eram: haver abandonado o curso de piano aos 11 anos e, não haver me inscrito no curso de Direito em 1974, quando passei no vestibular para Biblioteconomia. Corrigi depois: voltei a estudar piano aos 16 anos, repeti a façanha mais 2 vezes, com idades mais avançadas, e novamente abandonei. Comprei um piano e esse está na sala de casa e nem olho quase para ele. Com isso, desisti de vez de minha futura brilhante carreira de pianista. Mas a paz se instalou na minha consciência. Hoje, é o meu marido que aprende piano só, e, quando ele perde a paciência eu saio de perto porque nem quero saber mais disso. Eu gosto de ouvir um bom pianista, mas não quero mais aprender. Quanto ao curso de Direito, formei-me em 1998. Atuei bem pouco como advogada e não prestei nenhum concurso. Não é que eu não goste do Direito em si. Gosto muito. Porém, no trabalho que eu fazia no Ministério Público eu me via atrás de um monte de processos e não me sentia muito atraída não, principalmente porque eu tinha outras atividades e não podia me concentrar só nos processos! Aí pensei: “Caramba, o que é que eu vou fazer me metendo com isso! Eu não vou ser feliz. E já estou para me aposentar. E a reforma previdenciária veio mudar tudo.” Além do mais, eu havia alcançado a idade das aquisições das mazelas e das perdas da boa saúde. Adquiri uma osteoporose e a necessidade de exercícios físicos regulares e acompanhados por um especialista se fazia imprescindível, além dos medicamentos e dos exames médicos, e uma alimentação específica, etc. Eu havia conhecido o meu marido e ia ficar na ponte aérea internacional. Tive que tomar uma decisão: a vida ou a nova profissão. Eu escolhi a vida. Adquiri com meu marido uma propriedade rural, selvagem mesmo. Pendurei todos os diplomas. Casei-me, aposentei-me e vou lá e venho cá e vamos alhures em gostosos pedaços. E a vida está bem melhor. Portanto, nada de complicar a vida. Encontro-me numa reta e ela se chama: aproveitar o que ainda posso através das aventuras do trabalho na fazenda, na floresta, nos lagos, nas viagens, etc. E ser menos detalhista e menos chata, rsrsrs. O dia em que eu deixar de encarar isso tudo como uma aventura, aí sim, vai ficar complicado! Não quero nem imaginar pois não gosto de rotina! Já deu para perceber, não é?


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Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide