quinta-feira, 23 de abril de 2009

Enquanto isso, na terra dos gauleses e dos francos :

Na região das 3 fronteiras: França, Alemanha e Luxemburgo.

A grande familia

Mesa da Pascoa, com ovos coloridos e chocolate.

Minha sogra, depois da escalada no parque botânico.



Páscoa na Lorraine. Curiosidade : Na França, a 2 feira depois do domingo de Páscoa é feriado mas, a região da Lorraine, no leste francês, adota também o feriadão da 6 feira Santa e imenda até a segunda. Por quê ? Porque segue a tradição alemã.

Lembram das aulas de História Geral? Vamos recorrer ao Wikipédia para refrescar a memória?
A Lorena e a Alsácia, foram, durante séculos, objeto de disputas e guerras entre alemães e franceses. Louis XIV, de França, havia anexado essa área ao territorio francês mas sua população era de origem e lingua germânica e, por isso, sempre lutou contra a imposição da língua e dos costumes franceses. Após a Guerra Franco-Prussiana (1870), foram reunificadas à Alemanha causando a emigração (estimada) de 50000 pessoas (de um total de 1 milhão) para a França, mas permaneceram parte da Alemanha até o final da I Guerra, quando voltaram para a França pelo Tratado de Versalhes.
Vejam só que confusão para os habitantes : quem tinha vindo de outras partes da Alemanha foi expulso depois da I Guerra Mundial. Os que permaneceram nessas regiões tiveram reprimida sua identidade germânica com a implantação de uma política sistemática de proibição do uso da lingua alemã e de seus dialetos, e a obrigatoriedade de falar o francês. O que serviu de revanchismo na II Guerra Mundial. No entanto, a região não foi obrigada a reconhecer as leis promulgadas na França entre 1870 e 1918, tais como a lei de separação entre a Igreja e o Estado.
Depois, durante a II Guerra Mundial a região foi anexada novamente pela Alemanha. A Lorena passou a fazer parte da região do Saarland (Sarre) e a Alsácia da região alemã de Baden. Mas eram regidas por estatuto diferente da situação do resto da França ocupada pela Alemanha. Por conta disso, os lorenos e alsacianos eram obrigados a se alistar nas forças armadas alemãs, como qualquer cidadão alemão. Muitos foram enviados à Frente Russa, a fim de distanciá-los da região natal e coibir as tentativas de deserção. Muitos desertaram, com conseqüências graves para suas famílias.
Minha sogra, que vive até hoje na Lorraine, aos 15 anos, foi deportada com sua mãe e seu irmão para Świętochłowice, na Polônia, mas seu pai ja havia partido para trabalhar nas usinas de aço da Alemanha em fábricas de armamentos. Após 3 meses retornaram à Lorraine onde tiveram que ficar escondidos por 6 meses até terem seus papéis regularizados. Além do mais, só com os devidos papéis poderiam receber os tickets de alimentos. Hoje, quando ela quer criticar alguma coisa ou citar algum dito popular ela o faz em lingua alemã. A memória de minha sogra é fantástica aos 81 anos ! E ela me contou uma coisa que os brasileiros nem imaginam: as noivas do periodo da II Guerra Mundial, sem terem tecido para confeccionarem seus vestidos de casamento, usavam o tecido de seda delicado dos paraquedas americanos.
Voltando ao assunto das anexações, só em 1944, essas regiões voltaram ao domínio francês, que cuidou logo de restaurar a mesma política de repressão do período entre-guerras. Até 1984 o uso da língua alemã em jornais era restrito a um máximo de 25%. Toda informação sera bem vinda.


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16 comentários:

João Compasso disse...

Olá Veneide,

Sensibilidade a sua, obrigado pelo elogio. Que bom que gostastes do que vai além das palavras.
Fiquei maravilhado com sua sogra, ela é um poço de cultura e experiência, aproveita para conversar bastante com ela.
Impressionante o tecido de para-quedas, fantástico.
Muita luz e amor,
J. Compasso

benwl disse...
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Letícia Losekann Coelho disse...

Veneide,
Fiquei triste em saber que os livros demoraram mais que o prazo que o correio deu! Enfim... Esses são alguns dos problemas de se morar no Brasil... Tudo vira novela!
Estou lendo com calma todos os teus posts...
Beijos menina

zany.zip.net disse...

Uma senhora aula de história. Gostei!!!Bjs!!

Alcilene Cavalcante disse...

Adorei o post!!!

Unknown disse...

E vocês ficaram horas a fio nessa mesa comendo e comendo, conversando e conversando...ah essa vidinha francesa....bjks

Eu, sem clone disse...

Para Ro,a Pavulagem, é clairo q não, eheheh. Fomos passear depois por essa região magnifica. foi qdo passamos pela fronteira dos 3 paises.*
bjks

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Aulas de história ...adoro, são perfeitas, esta em particular adorei.
beijos e uma ótima semana.
Apareça por lá.

Ciça Donner disse...

Égua eu nao acredito que tu estivesses aqui pertinho de mim mesmo! Poxa, podia ter falado, fiquei aqui a Páscoa toda de bobeira!!!

Nao me repita isso!

Se vc nao sabe a razao do alemao prolongar os feriados, fique sabendo: pra dar tempo de curar a ressaca!!!

Eu, sem clone disse...

Para Ciça Donner:
Oh, Cicinha, perdoa maninha! prometa q é a ultima vez q vou la sem te avisar. Smmacc

Vanuza Pantaleão disse...

Veneide, que saudadeeeeee...menina, sabe que andei me perguntando por onde andavas? Com certeza, agora constato pelo seu post que estavas na França, na Alsácia, enfim, nas "oropas" e nós aqui, ó, na terrinha. Quem pode, pode!Rsss

Belo final de semana, amiga!
Volte sempre, te adoro!!!Bjsss

Anônimo disse...

Bonsoir
je suis Dominique, ami de Beth
je commence a lire votre blog. Je suis a Oiapoque pour rencontrer Beth qui va mieux actuellement et je suis heureux.
Si vous souhaitez correspondre sur les origines de la vie, ou autre sujet, voici mon mail:
domidallairefr@hotmail.com
Mas tarde? Ciao

Cristiana Fonseca disse...

Olá Veneide,
que bela postagem, deliciosa aula de história. Lindas fotografias e muito linda tua sogra, quanta vivência.
Beijos,
Cris

Anônimo disse...

Oy once voce esta agora?
Beth esta muit melior.
Fala mas da vida no france por favor!
DD. do blog domguyanais

Unknown disse...

Passando a francesa pra saber das novidades ...bjks

Carla disse...

bom passar por aqui e viajar com a força das tuas palavras
beijos

Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

Os lagos
Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide