Temos sido muito gentis e, a maioria das vezes, coniventes. A
complacência usada por longo prazo gera a indolência e, infelizmente, é
apreendida como senso comum. Para dar um exemplo: a corrupção, que entrou no
conceito de muitos como sendo uma coisa normal; o ganho fácil e o lucro
exacerbado. A situação que vivenciamos no Estado do Amapá e em vários outros
estados (salários parcelados, reivindicações de pagamentos de terceirizados,
etc, saúde, segurança, educação sucateadas, violência aumentando demonstram
que, há muito tempo, os gestores perderam o controle administrativo e
financeiro daquilo que evitaria que chegássemos a esse caos. Não cabe mais justificar
a crise amapaense como se fosse exclusivamente uma consequência da crise
nacional, do rombo da Petrobrás e de outros rombos, porém, a má administração
da coisa pública brasileira e amapaense gerou os dias atuais. Para externar a
minha opinião, minha e somente minha, fruto do meu exercício de memória e de
raciocínio, fruto da minha cidadania, digo que fico cada vez mais pasma ao ver
e escutar na mídia as propagandas das obras que estão em andamento em alguns
municípios do Estado. Pergunto: Não está faltando dinheiro para se investir nos
setores essenciais? Se tem recurso financeiro sobrando para propagandas das
obras dos gestores por que não se tomam providências legais para que esse
recurso possa ser transferido para os serviços que interessam realmente ao
cidadão amapaense? Será que a razão está na mentalidade dos gestores que
imaginam que o povo ainda é aquele povo que não questiona, não vê e não tem
inteligência? O povo da política do pão e circo? Imagino que algum conselheiro
político ou de qualquer outra coisa, diga ao gestor: vamos lançar uma
propaganda para lembrar ao povo as obras que Vossa Excelência está construindo
e assim, acalmar os ânimos e as críticas negativas. E, pá! Lá vem aquelas
palhaçadas adentrando a minha, a sua residência, caríssimo amapaense. E a
impressão que me causa vendo a cara de pau da pessoa vomitando essa propaganda
de obras realizadas é que, no seu entender eu sou uma idiota, uma pateta alienada
que vive nas nuvens e de novelas (coisa que detesto) e que eu vou esquecer que
no Amapá tem o Aedes Aegypti que, quando não mata, aleija; que no Amapá a
maioria da população não foi vacinada contra a H1N1, que no Amapá reinam a paz
e a segurança gerais. O caos que nos abate nos últimos meses com o impedimento
de quase todos os pretensos substitutos, fazem crer que nenhum dos candidatos à
substituição da presidente parece estar isento, até processo transitado em
julgado, muitos dos quais nem iniciaram. Haja circo e lixeira para suportar
tanta sujeira moral! O brasileiro sério que não está atolado nessa imundície
deve, realmente, ter estômago de aço para aguentar tudo isso... Precisamos nos
indignar mais. Precisamos ser menos complacentes. Com inteligência.
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