quinta-feira, 16 de junho de 2016

Temos sido muito gentis.

Publicado no Diário do Amapá em 10.05.16

Temos sido muito gentis e, a maioria das vezes, coniventes. A complacência usada por longo prazo gera a indolência e, infelizmente, é apreendida como senso comum. Para dar um exemplo: a corrupção, que entrou no conceito de muitos como sendo uma coisa normal; o ganho fácil e o lucro exacerbado. A situação que vivenciamos no Estado do Amapá e em vários outros estados (salários parcelados, reivindicações de pagamentos de terceirizados, etc, saúde, segurança, educação sucateadas, violência aumentando demonstram que, há muito tempo, os gestores perderam o controle administrativo e financeiro daquilo que evitaria que chegássemos a esse caos. Não cabe mais justificar a crise amapaense como se fosse exclusivamente uma consequência da crise nacional, do rombo da Petrobrás e de outros rombos, porém, a má administração da coisa pública brasileira e amapaense gerou os dias atuais. Para externar a minha opinião, minha e somente minha, fruto do meu exercício de memória e de raciocínio, fruto da minha cidadania, digo que fico cada vez mais pasma ao ver e escutar na mídia as propagandas das obras que estão em andamento em alguns municípios do Estado. Pergunto: Não está faltando dinheiro para se investir nos setores essenciais? Se tem recurso financeiro sobrando para propagandas das obras dos gestores por que não se tomam providências legais para que esse recurso possa ser transferido para os serviços que interessam realmente ao cidadão amapaense? Será que a razão está na mentalidade dos gestores que imaginam que o povo ainda é aquele povo que não questiona, não vê e não tem inteligência? O povo da política do pão e circo? Imagino que algum conselheiro político ou de qualquer outra coisa, diga ao gestor: vamos lançar uma propaganda para lembrar ao povo as obras que Vossa Excelência está construindo e assim, acalmar os ânimos e as críticas negativas. E, pá! Lá vem aquelas palhaçadas adentrando a minha, a sua residência, caríssimo amapaense. E a impressão que me causa vendo a cara de pau da pessoa vomitando essa propaganda de obras realizadas é que, no seu entender eu sou uma idiota, uma pateta alienada que vive nas nuvens e de novelas (coisa que detesto) e que eu vou esquecer que no Amapá tem o Aedes Aegypti que, quando não mata, aleija; que no Amapá a maioria da população não foi vacinada contra a H1N1, que no Amapá reinam a paz e a segurança gerais. O caos que nos abate nos últimos meses com o impedimento de quase todos os pretensos substitutos, fazem crer que nenhum dos candidatos à substituição da presidente parece estar isento, até processo transitado em julgado, muitos dos quais nem iniciaram. Haja circo e lixeira para suportar tanta sujeira moral! O brasileiro sério que não está atolado nessa imundície deve, realmente, ter estômago de aço para aguentar tudo isso... Precisamos nos indignar mais. Precisamos ser menos complacentes. Com inteligência.


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Uma coisa que adoro.

Uma coisa que adoro.
No inverno, fica tudo assim. Foto:D.B.

Os lagos

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Pegamos nossos remos e varejões e saímos com muito cuidado para não triscar nos jacarés e sucuris. Foto: Veneide