Publicado no Diário do Amapá em 25.10.16
Outubro chegando ao fim cumprindo a sua tarefa. É Outono no Hemisfério Norte. As árvores se despem das folhas verdes vestidas pela Primavera e embelezadas com o brilho do sol do Verão, dando lugar a tons amarelos matizados com vermelho ou marrom num espetáculo sem igual. Em suas máquinas, os agricultores aqui no Norte já colheram as batatas, as beterrabas, o trigo, o milho, as ervilhas, o linho... Trabalham de sol a sol na corrida contra o tempo ajudando-se em mutirões na colheita. O proprietário é seu próprio patrão.
Outubro chegando ao fim cumprindo a sua tarefa. É Outono no Hemisfério Norte. As árvores se despem das folhas verdes vestidas pela Primavera e embelezadas com o brilho do sol do Verão, dando lugar a tons amarelos matizados com vermelho ou marrom num espetáculo sem igual. Em suas máquinas, os agricultores aqui no Norte já colheram as batatas, as beterrabas, o trigo, o milho, as ervilhas, o linho... Trabalham de sol a sol na corrida contra o tempo ajudando-se em mutirões na colheita. O proprietário é seu próprio patrão.
É a hora de preparar o terreno
para o próximo ano. As mulheres se ocupam do jardim, do pomar e da horta, o que
aqui é uma tradição. Muitas são professoras, funcionárias públicas ativas e
aposentadas.
A vida continua. A faina agrícola
segue seu curso. O que muda de ano para ano é a rotação de culturas que
possibilita diminuir a exaustão do solo.
A vida continua para mim também e, cada vez que lembro disso, agradeço a
Deus por me permitir fazer parte de toda a beleza que ela representa. Cada vez
que o Outubro Rosa passar pela minha vida, lembrarei que fiz parte dessa imensa
população atingida pelo câncer. A monoterapia com Avastin (Bevacizumab) ainda
não havia terminado e teve que ser suspensa. Minha pressão arterial não
suportava mais seus efeitos. Foram 14 meses de tratamento ao todo, incluindo
cinco sessões de quimioterapia. “A Senhora agora é uma pessoa normal. A Senhora
está boa”. A confirmação da médica só fez efeito em mim quando atravessei o
hospital Leonard da Vinci saindo daquela última consulta com a oncologista no
início do mês. Olhando as pessoas que aguardavam o tratamento ou uma consulta
de controle eu continha as lágrimas que insistiam em escorrer pelo rosto ao
imaginar como estaria cada uma delas. Se teriam a mesma chance que eu estou
tendo. E até, se essa doença voltaria um dia e eu tornaria a me sentar naquela
sala de espera aguardando a enfermeira vir chamar para o tratamento. Não caí em
depressão na pós-cirurgia como receavam minhas amigas francesas. Assim que
pude, voltei ao esporte. Mas nessa última visita médica naquela manhã, a minha ficha
caiu. O fantasma do câncer estará sempre me lembrando dessa fase da minha vida.
Naquela manhã, dirigi o carro de volta para casa em lágrimas pois, só aí me dei
conta do perigo que passei e que vencemos! Sim, vencemos. Porque esta vitória
representa a dedicação de várias pessoas: do meu marido, que sofreu mais do que
eu; da equipe médica que me operou ano passado, da oncologista que me
acompanhou durante o tratamento inteiro, profissional muito responsável que só
sai do hospital no final da tarde, depois que atender o último paciente.
Outubro Rosa. Seja bem-vindo
sempre! A campanha de conscientização e prevenção do câncer deve estender-se
também à parte que a mulher tem de mais íntimo e que lhe proporciona ser mãe:
os ovários.
O câncer atinge a população do
mundo inteiro. E o que comemos influencia muito. O Brasil precisa adotar uma
política mais séria de prevenção e de tratamento da doença em relação aos recursos
que possibilitem a todos, sem exceção, serem tratados. Não se deve admitir a
falta de medicamentos ou a exclusão de pessoas. O tratamento contra o câncer
deve ser acessível a todos. Os protocolos devem ser seguidos à risca para
obter-se bons resultados. Para o doente, é vital a certeza que o remédio esteja
disponível no hospital e que a periodicidade de seu tratamento seja respeitada.
O estresse da incerteza também mata. Aqui, pagamos um plano de saúde que não é
caro. Todas as consultas, remédios, injeções, exames, etc., no que dizem
respeito a esse tratamento, estão cobertos pelo plano.
Outubro Rosa sai deixando a porta
aberta para Novembro Azul que está chegando. Mas fica o alerta: não esperem por
uma campanha nacional. Cuidem-se sempre!
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